terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os Romeiros do “Padim Ciço”

Do livro "Aventuras com a Bíblia no Brasil", do pastor anglicano F. C. Glass, colhemos este flash sobre Juazeiro do Norte, a famosa cidade do Pe. Cícero, no início do século XX:

"Entrando na cidade de Juazeiro, (os colportores) descobriram que ali havia uma enorme coleção de casas e choupanas de aparência miserável, tendo cerca de vinte mil habitantes. Havia ali uma atmosfera de superstições, tremenda falta de asseio e o crime parecia predominar em toda a cidade. Já aguardavam a chegada dos dois homens. Todo o povo saiu de suas casas para vê-los e examiná-los bem, fazendo o sinal da cruz, como se uma praga estivesse passando em frente às suas portas.
´Aqui estão eles - os demônios sobre os quais ouvimos falar! Eles ousaram visitar esta cidade santa!´ E tanto os jovens como os velhos olhavam de cara feia para os dois viajantes. Os viajantes encontraram com facilidade a residência do amigo do turco. Imagine qual o seu espanto, quando perceberam que estavam falando exatamente com o comandante em chefe do poder supremo dos padres, poder que havia derrotado as forças do Governo, mais de uma vez, e diretor da quadrilha que pertencia ao chefe, a qual se compunha de assassinos assalariados.
´Aquele velhaco, disse o turco apontando para um homem muito mal encarado, ´é um deles; possui um crédito de vinte mortes´.
Por mais estranho que pareça, esse turco recebeu nossos homens muito carinhosamente, oferecendo-lhes não apenas hospitalidade, mas também o mais necessário no momento, sua proteção. Porque, como ele declarou, ´vocês não podem confiar em nenhuma pessoa deste lugar, pois são uma porção de cachorros´. O turco chegou até a mostrar simpatia para com os livretes evangélicos, escutou muito atentamente tudo quanto os vendedores de Bíblias tinham a falar e, a pedido destes, levou-os no dia seguinte para visitar o próprio Pe. Cícero.
O Pe. Cícero demonstrou ser exatamente o tirano fanático que eles esperavam. Enfureceu-se contra os Evangelhos, gritando, até se tornar afônico. Somente a presença do turco, que era muito temido, salvou-os das mãos do padre e daquela grande multidão de peregrinos e esmoleres, que continuamente enchia o lugar.
A entrevista terminou com um aviso muito perverso para que não tentassem vender ou dar aqueles livros a qualquer pessoa. Mesmo assim, eles conseguiram distribuir, discretamente, alguns Evangelhos entre o povo, para aqueles que os pediam, e quase em segredo, os colportores deixaram aquela pequena e miserável cidade e iniciaram sua viagem de retorno ao lar".

Até aqui falou o Pr. Glass. Convém notar que aquela cidadezinha miserável transformou- se numa grande cidade, que superou o Crato, minha cidade natal, sendo hoje uma das mais importantes do Ceará. Infelizmente, porém, mesmo tendo recebido tantos missionários evangélicos, desde o início do século passado, Juazeiro do Norte continua a ser, no Nordeste, o maior centro de idolatria, superstição e romaria anula, feita em busca das bênçãos do “Padim Ciço”, acarretando a maldição de Deus para todo o país, porque Deus odeia a idolatria, um pecado que Ele chama de "prostituição espiritual".
Acontece que o Papa Ratzinger provavelmente vai atender os pedidos dos nordestinos fanáticos pelo “Padim Ciço” pois, segundo informação ainda não confirmada, ele vai beatificar o padre cratense, fundador de Juazeiro do Norte. Vai ser mais um pecador canonizado pelo ex-inquisidor maior do Vaticano, pois o Frei “Gavião” já alcançou as alturas estelares do Catolicismo Romano, conforme sua canonização programada para maio de 2007.
Meu marido era um luterano liberal e tinha verdadeira fascinação pelo Padre Cícero. Quando eu censurava os romeiros nordestinos por causa de sua romaria, ele sempre os desculpava com esta frase: “Todo mundo precisa de um mito político ou religioso para sobreviver. Se o povo alemão, que era considerado o mais inteligente do mundo, nos anos 1940 seguiu o paranóico Adolf Hitler, por que os cearenses semi-analfabetos e educados nas “saias” dos padres católicos, não podem cultuar o “Padim Ciço?”


Mary Schultze - www.maryschultze.com

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