quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A Imagem do Divino Pai Eterno: um show de idolatria

A IMAGEM DO DIVINO PAI ETERNO: um show de idolatria

O título deste artigo pode, a primeira vista, parecer um tanto duro e provocador à fé e devoção dos nossos amigos católicos, mas na verdade se torna brando demais quando analisado dentro do real contexto dos acontecimentos que o motivaram a ser escrito. Estou me referindo ao chamado “culto às imagens” promovido pela Igreja Católica Romana.

Antes, porém, urge salientar que o presente artigo não possui pura e simplesmente a pretensão de polemizar, ainda que sua análise retome pontos exegéticos e perspectivas teológicas conflitantes entre a fé católica e a evangélica.

Nosso intuito é sim, analisar de maneira sucinta dentro de uma perspectiva bíblica a dissonância da fé católica com relação aos verdadeiros preceitos divinos e com isso alertar nossos amigos católicos sobre o perigo da idolatria envolvendo o culto às imagens.

Para isso, selecionamos como nosso objeto de análise, um acontecimento recente ocorrido na cidade de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo. Trata-se da visita da imagem do Divino Pai Eterno a esta cidade. Este ícone e a devoção relacionada a ele nos fornecerão subsídios para desenvolvermos nossa crítica a respeito do culto às imagens.

A visita da imagem

Há várias semanas os católicos anunciavam por meio de outdoors e cartazes a chegada do ícone ao estádio Benedito Teixeira, o Teixeirão. Para comemorar aquela que seria a primeira visita da imagem à região, os correios cogitaram em lançar até um selo oficial para homenagear o acontecimento.

Dias antes do evento que ocorreu na data de 31 de maio, o site católico “paieterno.com.br”, já criava a expectativa de uma grande festa católica para comemorar com a chegada da imagem, a festa de pentecostes. Além da imagem o evento ofereceu como atração extra a presença do reitor do Santuário Basílica de Trindade-GO, o jovem Pe. Robson de Oliveira.

De fato milhares de pessoas compareceram à festividade, sendo que oito horas antes já havia romeiros esperando pela chegada da imagem.*
A imagem foi apresentada ao povo como de praxe acontece com as imagens católicas. O gesto tinha a intenção não apenas de apresentá-la, mas de que por meio dela o devoto pudesse receber alguma graça. E de fato a esperança de receber alguma graça pela chegada da imagem era visível na face das pessoas que se espremiam para vê-la.

Breve histórico

A devoção à imagem do Divino Pai Eterno teve início por volta de 1840, quando um casal de agricultores nas proximidades do Córrego do Barro Preto (atual município de Trindade), região de Campinas(Goiás), encontraram no campo, onde trabalhavam, um pequeno medalhão de barro onde estava representada a Trindade coroando a virgem Maria.

Eles beijaram o medalhão sagrado e o levaram para casa onde começaram a rezar diante dele. A notícia se espalhou e aos poucos outros moradores locais passaram a rezar juntos ao objeto. Como crescia a devoção, foi construído um santuário e uma réplica em madeira foi confeccionada. Em 2006 o atual papa Bento XVI, elevou o santuário ao status de Basílica Menor e a imagem se tornou peregrina.

Análise do assunto sob várias dimensões

Muito embora reconheçamos que sob à ótica da devoção popular tais manifestações como estas são aceitáveis principalmente nos populachos menos favorecidos e geograficamente isolados e por isso mesmo mais sucetíveis a este tipo de superstição, o que não entendemos, porém, é como homens que estudaram a Bíblia durante vários anos em um seminário, ao invés de erradicar este mal, conseguem promovê-lo ainda mais.

Histórica - Grosso modo, o processo do culto às imagens se dá da seguinte forma: a superstição de um ou mais católicos gera(m) a devoção que cresce e pressiona a paróquia. Esta por sua vez, para não perder os fiéis, tolera a crença e justifica a prática com a presença de sacerdotes e missas no local. Há também questões políticas que influenciam a aceitação das devoções. Há a possibilidade que com o aparecimento destas novas imagens e o crescimento contínuo das devoções, a diocese juntamente com o município possam se projetar no cenário nacional. Sacerdotes e bispo locais então pressionam a cúpula da Igreja para que legitimem tal prática oficializando o culto. Ao redor destes santuários cresce também a exploração comercial por meio da venda de objetos e principalmente da réplica das estatuetas. Temos na cidade de Trindade(GO) e Aparecida (SP) um exemplo típico deste processo.

Teológica – A questão teológica diz respeito ao próprio conceito da palavra Trindade. Pode não parecer mas a presença de Maria vai aos poucos amalgamando-se à da Trindade, quase que formando uma quaternidade. Isso traz confusão à mente do fiel que passa a ver em Maria cada vez mais a representação de uma personagem praticamente divina, tão poderosa quanto os demais membros da Trindade entre os quais ela se encontra e se funde.
A Maria criada pelo catolicismo está se distanciando cada vez mais da Maria
apresentada nos Evangelhos!

Outra problemática diz respeito à própria devoção católica. Será que o devoto ao se dobrar perante esta imagem para rezar irá conseguir fazer a “cuidadosa” diferença entre o culto de latria e de hiperdulia? Porventura conseguiria ele distinguir entre os diferentes cultos prestados por meio da imagem à Maria e a Deus? Improvável!

Simbólica - A dimensão simbólica do ícone é tão ou mais importante do que sua dimensão puramente estética, isto é, como um ícone em si mesmo. O simbolismo oculta e projeta simultaneamente mensagens subliminares.

Nesta perspectiva é interessante observarmos a posição de Maria no conjunto todo. A cena mostra ela projetada ligeiramente à frente das três figuras divinas com um destaque sutil. Na verdade, o tema por trás da cena não projeta o “Pai Eterno”, mas Maria. É a representação plástica do chamado “quinto mistério” do terço. Nela é Maria quem recebe o destaque maior. A questão da coroação que é o verdadeiro tema da representação, remete a uma antiga honraria que a Igreja criou para Maria – para os católicos Maria é a rainha do céu. Cabe aqui destacar que a Bíblia não dá nenhuma base para este título mariano. Aliás, a única vez que o título “rainha do céu” aparece na Bíblia é para identificar e condenar o culto a uma antiga deusa pagã (Conf. Jr. 7.18). Outra, observando melhor percebemos que as mesmas coroas que o Pai e o Filho trazem, Maria traz igualmente. Podemos ver neste gesto silencioso e anacrônico a autoridade do governo divino sendo compartilhada com ela. A mensagem simbólica por meio dos signos é que Maria então governa e rege universo juntamente com a Trindade. Portanto, tão poderosa quanto as outras personagens.

Definitivamente não entendemos porque a imagem foi alcunhada de Divino Pai Eterno, haja vista a coroação de Maria ser a protagonista da cena, sendo o Pai, mero coadjuvante. Talvez a vasta coleção de ícones marianos em suas diversas manifestações tenha criado a possibilidade desta devoção ter desviado a projeção de Maria para o Pai que ainda não possuia nenhuma representação no panteão católico romano.

Bíblica – Além da própria presença do ícone ser em si a quebra explícita do segundo mandamento do decálogo, que proíbe a confecção e o culto às imagens (Conf. Ex. 20.4,5), a representação plástica de Deus Pai neste ícone como um ancião potencializa este erro a graus infinitamente superiores já que vários textos bíblicos proibem categoricamente capturar ou representar imagens de Deus. Observe a ordem que Deus deu a Moisés:

Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque não vistes forma alguma no dia em que o Senhor vosso Deus, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais, fazendo para vós alguma imagem esculpida , na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou de mulher (Dt. 4.15,16).

O texto é claro e dispensa exegeses mais sofisticadas. Em vários lugares a Bíblia proibe confeccionar e prestar culto às imagens. E o erro se torna pior na imagem do Divino Pai Eterno, quando sabemos que foi o próprio Jesus quem disse que ninguém jamais viu o Pai (Conf. Jo. 1.18) a não ser por meio do Filho (Jo. 14.9). Como então podemos representar o Pai por meio de uma imagem? Impossível!

Podemos destacar pelo menos cinco pontos onde esta prática transgride os preceitos bíblicos:

1) A imagem em si;
2) O culto desenvolvido em torno da imagem;
3) O “Pai Eterno” transformado em mais um ídolo católico;
4) A figura de Maria junto à Trindade;
5) Maria como rainha dos céus.

Depois desta breve análise o único conselho que podemos deixar aos nossos amigos católicos devotos do Divino Pai Eterno, não é outro se não o mesmo que o apóstolo João deu aos cristãos de sua época: filhinhos, guardai-vos dos ídolos (I Jo. 5.21).

Autor : Prof. Paulo Cristiano

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