quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reencarnação e Cristianismo: Água e Óleo

Não são poucas as pessoas que ingressam em religiões e aceitam ensinamentos controversos pelo simples fato do fundador, do líder atual ou da literatura deste grupo ligá-lo à pessoa de Jesus Cristo. Chamar o grupo de “cristão” gera crédito ao mesmo. Mas será quer todo e qualquer grupo que se define como cristão está verdadeiramente firmado nos ensinos de Jesus Cristo? O grupo que será abordado neste estudo é o Espiritismo Kardecista, ou simplesmente Kardecismo.

Devido à diversidade de ensinos que este grupo possui, e que reivindica ser cristão, vou focar a análise na doutrina espírita da reencarnação e sua incompatibilidade com as crenças cristãs, sem deixar de mencionar, quando necessário, outras doutrinas deste grupo. Alegar que é possível crer nos ensinos de Jesus e nos ensinos dos espíritos é tentar misturar água e óleo. Por maior que seja a tentativa, nunca haverá mistura. Nunca haverá homogeneidade. Nunca haverá compatibilidade.

Antes de aprofundar o estudo da reencarnação é necessário expor uma breve história do movimento Kardecista e o que este diz sobre o cristianismo. Veremos se a afirmação dos Kardecistas, que se intitulam espíritas cristãos, possui lógica.

Histórico do Kardecismo

O Kardecismo foi fundado por Hippolyte Leon Denizard Rivail, que é popularmente conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec. Denizard utiliza este pseudônimo sob a justificativa que este era seu nome na última encarnação, ou seja, um médium revelou a Denizard que em sua última vida ele fora um druida que se chamava Allan Kardec.

Kardec nasceu em Lyon, França, em 3 de outubro de 1804. Embora seja o ícone do espiritismo moderno, o ingresso de Kardec ocorreu por curiosidade quando ouviu falar no fenômeno das “mesas giratórias”. Afirma o espiritismo que “assistindo aos propalados fenômenos, finalmente, na casa da família Baudin, recebe muitas mensagens através da mediunidade das jovens Caroline e Julie. Depois de inúmeras e exaustivas observações, conclui que se trata de fenômenos inteligentes produzidos por espíritos”. [1]

Vale lembrar que antes que tais fenômenos ocorressem na Europa, semelhantes casos aconteceram nos Estados Unidos, através das irmãs Fox. As irmãs Margareth e Katharine Fox ainda crianças, na cidade de Hydesville, Nova York, no ano 1848, estabelecem um sistema de comunicação com o mundo dos espíritos, que foi batizado de telégrafo espiritual. [2]. Entretanto, tratarei apenas dos ensinos e fatos relacionados ao Espiritismo Kardecista.

Embora o espiritismo tenha como pátria mãe a França, foi no solo brasileiro que esta falsa doutrina prosperou. É fato que o povo brasileiro possui facilidade em sincretizar crenças, portanto não é estranho que o Brasil tenha se tornado o maior país espírita do mundo, ao passo que na França tal crença declinou. Isso pode ser verificado abaixo no número de pessoas que participaram do 4º Congresso Espírita Mundial, realizado na França de 2 a 5 de outubro de 2004. Vale lembrar que este evento, de envergadura mundial para os kardecistas tinha o seguinte objetivo: “Os espíritas do mundo reunidos para a comemoração do bicentenário do nascimento de Allan Kardec” [3]:

Dos 1.780 congressistas presentes, havia o seguinte número de participantes por país:

Alemanha

19

Honduras

2

Argentina

6

Inglaterra

45

Áustria

3

Itália

6

Bélgica

8

Japão

1

Brasil

1.190

Luxemburgo

4

Canadá

12

México

1

Cuba

1

Noruega

1

Colombia

4

Panamá

22

Dinamarca

2

Paraguai

2

Espanha

13

Peru

1

Equador

2

Polônia

2

Estados Unidos

60

Porto Rico

5

França

155

Portugal

170

Filipinas

1

Suécia

10

Guatemala

4

Suíça

26

Holanda

2

Uruguai

1

Em resumo, do total de participantes, 67% eram brasileiros e apenas 9% eram franceses.

Afirma o Kardecismo ser a terceira revelação de Deus, sendo Moisés a primeira e Jesus a segunda. Desta forma, em três momentos distintos, Deus determinou um canal de comunicação com o homem.

Tentando misturar água e óleo

Na tentativa de misturar crenças, Kardec escreveu diversos livros, interrogou os espíritos, filosofou e interpretou a Bíblia segundo as doutrinas espíritas. Ele chegou às seguintes conclusões:

“O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa”. Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE) Introdução, item VII.

“Fazei, pois, que em vos vendo, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma só e mesma coisa”. ESE, Cap. XV, item 10.

“Meus filhos, na máxima: fora da caridade não há salvação, estão contidos os destinos dos homens na Terra e no céu”. ESE, Cap. XV, item 10.

“Ele [o Espiritismo] não ensina nada de contrário ao que o Cristo ensinou”. ESE, Cap. I, item 7.

É possível acreditar que o Espiritismo Kardecista e o Cristianismo são a mesma coisa? É possível acreditar nos ensinos de Allan Kardec e seus espíritos e ainda assim acreditar nos ensinos de Jesus Cristo e dos apóstolos? É possível misturar água e óleo?

A resposta é direta: não! Não é possível. Portanto, é totalmente inconcebível a expressão “Espírita Cristão”, pois não existe um “Espiritismo Cristão”. Existem duas opções: Cristianismo e Espiritismo, pois os ensinos são muito distintos um do outro, um é totalmente o contrário do outro, e desta forma, se um está certo, o outro está errado. Vejamos as palavras de Hamon sobre o assunto, num estudo muito bem elaborado sobre as iscas e apelos que o Kardecismo utiliza [4]:

“O destaque conferido à figura (pessoa) de Jesus Cristo foi outro fator que contribuiu para o avanço do espiritismo ensinado por Kardec. O Ocidente, de modo geral, e o Brasil, de modo específico, se intitulam cristãos. Independente do conhecimento que estes tenham do evangelho, a figura de Jesus é dominante na cultura. Em seu livro, O evangelho segundo o espiritismo, Kardec tenta sintetizar dois segmentos religiosos definitivamente antagônicos. Até então não existia o chamado ‘espiritismo cristão’. Mas, ao fazer de Jesus um médium, o grande decodificador do espiritismo fez que muitas pessoas se aproximassem de práticas até então condenadas e, ao mesmo tempo, se sentissem cristãs. Todavia, o uso de certo termo não significa que o mesmo esteja se referindo a coisas semelhantes.”

Como proposto no início, o objetivo deste estudo não é se aprofundar nos mais variados ensinos Kardecistas, mas focar no mais popular deles: a reencarnação. Vale lembrar que não é apenas o Espiritismo que abraça tal idéia. O hinduísmo, budismo e uma infinidade de seitas ocultistas ligadas ao Movimento Nova Era adotam a posição reencarnacionista. Como existem variações de conceitos, vamos alinhar nosso foco, trabalhando com o conceito de reencarnação sob a ótica Kardecista. O próprio Kardecismo é filho de uma mistura estranha [5]:

“Allan Kardec uniu o cristianismo à necromancia e a alguns conceitos hindus, sem levar em conta que ‘água e óleo’ não se misturam. Seu espiritismo não é um espiritismo verdadeiro e seu cristianismo é igualmente inventivo. Seus seguidores se julgam cristãos, mas, a rigor, veremos que isso não pode ser tomado por verdade.”

Com apoio da mídia

Os meios de comunicação são grandes instrumentos utilizados pelos reencarnacionistas para divulgar suas crenças. Seja pela mídia impressa ou televisiva, a reencarnação se tornou um tema cada vez mais propalado e aceito pelas pessoas.

Não serei muito profundo nesse ponto. Cito, por exemplo, a Revista Época, publicada pela Editora Globo, onde a matéria de capa foi “O Novo Espiritismo”, cuja foto estampava a modelo internacional Raica Oliveira. Além de Raica, a revista fez menção a outros nomes famosos: Cléo Pires, Fábio Júnior e Gustavo Kuerten como pessoas que ou professam a crença no espiritismo ou aceitam de alguma forma algo que esta corrente ensina.

A Rede Globo, conhecida por abordar em suas novelas temas “polêmicos”, sempre relacionados com idolatria, feitiçaria, ocultismo, espiritismo, homossexualismo e outras tantas coisas reprovadas pelo cristianismo, exibiu recentemente duas novelas cujo carro chefe foi doutrinas espíritas. Alma Gêmea foi impulsionada por uma história de reencarnação. O Profeta teve uma trama que girou em torno de mediunidade e espiritismo.

Afirma a top model Raica, que o que mais a atrai no espiritismo (e não apenas ela, mas todos os discípulos de Kardec) é a oportunidade de poder voltar em próximas vidas para resolver eventuais pendências, ou seja, ter sempre uma segunda chance. Esta é uma das grandes atrações do Kardecismo. Aliás, a revista ridiculariza e ironiza a forma como o cristianismo ensina, baseado na Bíblia, a questão céu e inferno como se no cristianismo não houvesse novas oportunidades. Jesus nos dá várias oportunidades de arrependimento e conserto (e não apenas uma segunda chance) durante nossa existência. Infelizmente estas pessoas não conhecem a maravilhosa graça e perdão em Jesus. Ele disse em Mateus 11.28: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”; em João 11.25: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”; em por fim em João 14.6: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

O absurdo da aceitação de conceitos espíritas pela sociedade, e divulgado pelos meios de comunicação com extremo frenesi, é que em maio de 2006, no município de Viamão, estado do Rio Grande do Sul, uma carta supostamente ditada por um morto (psicografada por um médium) ajudou na absolvição de uma mulher acusada de cometer determinado crime. Pasme querido leitor, o júri ficou sensibilizado com a carta onde a vítima inocentava a ré. Enfim, é o cúmulo. Tudo isso está registrado nas páginas da referida revista [6].

Reencarnação: o que dizem os espíritos de Kardec

Allan Kardec fez um interrogatório aos espíritos, que lhe trouxeram diversas respostas, e estas devidamente compiladas formam “O Livro dos Espíritos”. Quanto à reencarnação, dizem os desencarnados de Kardec:

Pergunta 166: - A alma tem, pois, várias existências corporais?

Resposta: - Sim, todos nós temos várias existências, os que dizem o contrário, pretendem vos manter na ignorância em que eles próprios se encontram; é seu desejo.

P. - Parece resultar desse princípio que a alma depois de ter deixado um corpo, toma um outro; dito de outro modo, ela se reencarna em um novo corpo; é assim que se deve entender?

R. - É evidente.

P.167 – Qual o objetivo da reencarnação?

R. – Expiação, aprimoramento progressivo da humanidade, sem o que, onde estaria a justiça?

Justiça. Eis a palavra. O Kardecismo tenta desesperadamente validar a crença na reencarnação sob o apelo que é apenas desta forma que a justiça de Deus se manifesta. Veja como este sofisma é ensinado pelos espíritos de Kardec:

P. 171 – Sobre o que está baseado o dogma da reencarnação?

R – Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois, repetimos sem cessar: um bom pai deixa sempre aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento.

A questão de justiça está sempre martelando a cabeça da humanidade. Não são poucos os que se sentem injustiçados, infelizes, deprimidos. E o sofisma espírita da justiça atrelada a reencarnação está como uma isca, uma verdadeira armadilha, pronto a capturar aquele que se sente injustiçado e que não encontrou respostas.

Muitos, infelizmente, têm encontrado uma resposta superficial no Kardecismo. Os espíritas utilizam-se deste ensino para explicar as supostas injustiças no cosmos, como por exemplo, o motivo de alguns nascerem ricos e abastados enquanto outros nascem paupérrimos e miseráveis. Como explicar o nascimento de pessoas com porte atlético e espetacular inteligência enquanto outros são supostamente inexpressíveis? Como alguns podem nascer sem órgãos ou funções dos membros? O espiritismo apanha o problema e enrola o mesmo num lindo pacote chamado justiça com um belo laço chamado reencarnação. Mas estaria nesta doutrina espírita a resposta para o sofrimento e a devida aplicação da justiça divina?

Uma questão de justiça

O espiritismo alega que não existe justiça quando as pessoas são julgadas, recebendo após a morte o galardão ou a condenação, por atos praticados em “apenas” uma vida. Afinal, o que é “uma existência” diante da eternidade? Segundo Jeremiah e Carlson [7]:

“A reencarnação se propõem a afastar o temor da morte. A seguir, ela oferece uma desculpa para o pecado. Isso atrai muitas pessoas porque lhes permite continuar vivendo da maneira que querem, sem ter de tratar com o seu pecado e culpa diante de Deus. Por que você deve sentir-se pessoalmente responsável se terá oportunidade de viver de novo, tentando acertar as coisas? Por exemplo, se o reencarnacionista tem um estilo de vida imoral, ele não precisa enfrentar as conseqüências porque a falta não é sua. É resultado de algo que aconteceu no passado, e esta pessoa está simplesmente vivendo seu carma”.

Tudo que se faz de bom, apaga ou quita dívidas de vidas anteriores. Tudo que se faz de mal, entra nesta conta-corrente como um débito a ser pago na próxima existência. É o popular conceito do carma. As más atitudes numa vida geram um débito, ou seja, um mau carma para a próxima vida. Viver este mal carma disciplina as pessoas a praticarem boas obras, a ser pessoas caridosas, expurgando desta forma o mau carma.

Esta idéia é totalmente antropocêntrica e dispensa Deus na vida do homem. Cada ser humano torna-se responsável por seu destino, enquanto Deus fica como mero expectador. Um impotente expectador. Salva-se quem quiser, pois não existe necessidade de um redentor. Como no espiritismo não existe condenação e tampouco o inferno, o mau homem pode pecar e transgredir a vontade de Deus ao seu bel-prazer, até que numa futura existência decida virar um bom homem, se libertar dos males com caridade, expurgar o mal carma até que se liberte por completo dos ciclos de vida, atingindo assim o nível de espírito puro e perfeito. Falando em condenação, os espíritos afirmam no Livro dos Espíritos, pergunta 1012, que o inferno e o paraíso não são lugares, mas sim estados, meras figuras. Perguntamos então: o Cristianismo e Espiritismo ensinam a mesma coisa?

Por fim, alegam os espíritas que através da reencarnação a humanidade está evoluindo, e só pela reencarnação se explica o mal e a justiça, ligados à moral e o amor.

Base frágil

O edifício espírita está mal alicerçado. Na verdade, o prédio só poderia estar forte se estivesse edificado em Jesus Cristo, a pedra de esquina (Atos 4.11; 1 Pedro 2.7). Desta forma, a suposta justiça que o espiritismo prega não resolve o problema, apenas posterga. Não dá um fim a injustiça, mas apenas a descarta. Vejamos:

1. Sofrimento de crianças

Seria justo, Deus, permitir que crianças padeçam por conta de pecados, crimes, maldades que cometeram em vidas anteriores e que nem elas mesmas se lembram? Existe justiça e razão? Neste caso, o réu não tem a menor consciência de que está pagando uma dívida de uma existência anterior pelo sofrimento, e o juiz se utilizando da ferramenta de justiça kardecista, não passa de um tirano.

2. Origem dos males ou dívidas

Segundo o espiritismo, todo espírito é criado ignorante, ou seja, sem disposição a cometer o bem ou o mal. Segundo os reencarnacionistas, se uma pessoa está passando por lutas, é resultado de um mal cometido em vidas anteriores. Seguindo este raciocínio, apresento o seguinte esquema proposto por Geisler e Amano [8]:

Mal ç Causa1 ç Causa2 ç Causa3 ç etc.

Em outras palavras:

Criança nasce sem braços ç Vida pregressa em que batia nas pessoas ç Vida pregressa em que tinha mau gênio ç etc.

Enfim, se uma pessoa regredir até a sua primeira encarnação, sua criação, não irá encontrar a origem do problema ou onde ocorreu a origem do mal a qual tal pessoa é afligida e que insiste em perdurar com uma dívida a ser quitada. Onde se deu a origem dos problemas se todos fomos criados ignorantes? Onde ocorreu o “primeiro mal”? Não existe razão em crer nesta doutrina de Kardec.

3. Compaixão

Ajudar as pessoas é uma característica marcante dentro do Kardecismo, afinal os seguidores destes ensinos crêem que “fora da caridade não há salvação”, mas estaria a caridade espírita funcionando de acordo com as leis do próprio espiritismo? Vejamos o seguinte modelo:

A. Se José ajuda a Pedro com alimentos, já que este padece pela fome, o maior interessado em matar a fome de Pedro é o próprio José, pois com sua boa ação está expurgando os males cometidos em vidas passadas, pagando assim sua dívida cármica e desta forma estará evoluindo e melhorando sua perspectiva para uma próxima existência;

B. Pedro está passando fome, pois foi um mau espírito na vida anterior. Se José o ajuda com alimentos, está prejudicando o pagamento da dívida cármica que o próprio Pedro contraiu sendo mau. Logo, se Pedro desencarna após ser amparado, ele não quitou a sua dívida, e deve retornar para paga-las, passando por novas lutas, novos sofrimentos, até que não haja mais débitos. É esta também a posição de Geisler e Amano sobre o assunto:

“De acordo com a doutrina da reencarnação, a lei do carma é inquebrável. Exige que a presente vida seja o pagamento da vida anterior da pessoa. Por isso, as pessoas desprezadas, oprimidas ou imersas em trevas estão nessa situação por necessidade. Não há, na verdade, que se possa fazer em prol delas. Qualquer tentativa no sentido de ajuda-las só vai perturbar-lhes o carma e só adiará sua agonia para uma próxima vida em que, por fim, pagarão seu débito cármico de qualquer maneira”.

4. Evolução moral

Após centenas e até milhares de anos, onde os espíritos estão passando por inúmeras encarnações, evoluindo então, até se purificarem por completo , se pressupõem que a humanidade está melhorando, e de fato, evoluindo. Mas temos verdadeiramente presenciado uma evolução moral na humanidade? Homicídios, ódio, crueldade, imoralidade, racismo, barbáries, estupro, ganância. Palavras que estão presentes no dia-a-dia das pessoas e que ganharam proporções jamais imaginadas até então. É racional crer que a reencarnação está levando a humanidade à evolução moral? Para os cristãos, toda a lamentável condição em que a humanidade se encontra se explica na Bíblia, que revela que estamos vivendo o tempo do fim. Verdadeiramente o amor da humanidade está esfriando (Mateus 24.12).

5. Problema matemático

Alegam os espíritas que não seria justo o homem ser julgado por atos de apenas uma vida, afinal, o que é uma mera existência diante de toda uma eternidade? Este raciocínio não possui fundamento. Vamos pensar utilizando a matemática. Sabemos que o algarismo 1 perto do conjunto infinito de números é absolutamente nada, é inexpressível. Seguindo este raciocínio, o 10 também não é nada, logo o 100, o 1000 ou o 10000, perto do infinito corresponde a nada! E a vida? Uma vida ou centenas de milhares de existências diante da eternidade corresponde a nada na escala de tempo! Snyder usa um exemplo perfeito para refutar os reencarnacionistas [9]:

“Como um período de vida de apenas sessenta ou setenta anos pode determinar toda eternidade? (...) A primeira pressuposição escondida por trás dessa pergunta é que de alguma forma faz mais sentido comparar milhares de anos ou mais com a eternidade, mas não setenta anos. Mas isso é bastante semelhante a dizer que ‘a formiga parece tão pequena comparada com o tamanho da terra, devemos tentar uma formiga maior.’ Quer se compare setenta anos ou setenta mil anos com o infinito, o tempo será sempre infinitamente curto comparado com a existência sem fim.”

Logo, querer apoiar a pluralidade de existências como uma justificativa para o nosso estado futuro diante de toda uma eternidade é um argumento muito fraco. Biblicamente falando, o homem tem apenas uma existência, e está é o suficiente para que ele decida pelo bem ou pelo mal, e após esta existência, segue-se o juízo.

FALANDO EM BÍBLIA

A astúcia do espiritismo atinge níveis que fogem totalmente a razão e o bom censo. Justamente o Kardecismo, que de maneira soberba, classifica-se como uma crença baseada em fatos científicos e racionais, utiliza-se da Bíblia Sagrada de maneira pervertida, ocultando contextos e contradizendo suas frágeis crenças. Muito já se escreveu refutando as crenças kardecistas que tentam usar a Bíblia como muletas, mas isso não nos impede de mais uma vez trazer a verdade à tona. Vejamos as passagens preferidas dos kardecistas “cristãos”.

João Batista e Elias

Para tentar convencer que a Bíblia apóia e valida a reencarnação, os kardecistas tem usado textos referentes a João Batista e Elias. Os testos preferidos pelos espíritas são os seguintes:

Malaquias 4.5: Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.

Mateus 11.11,14: Em verdade vos digo que, entre os que de mulher tem nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista, (...) e, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.

Mateus 17.10-13: E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? (...) mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram (...) então entenderam os discípulos que lhes falava de João o Batista.

A riqueza da Bíblia Sagrada é que ela mesma se interpreta. Não é possível juntar meia dúzia de textos fora do contexto da mensagem – e do contexto completo da Bíblia – e formar doutrinas espúrias. Kardec não sabia disso, e por isso afirmou em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, 11:

“Se o princípio da reencarnação, expresso em São João, podia, a rigor, ser interpretado num sentido puramente místico, não podia suceder o mesmo nesta passagem de São Mateus, que é inequívoca: é ELE MESMO o Elias que deve vir; não há, aí, nem figura, nem alegoria: é uma afirmação positiva.”

Fica muito evidente através desta citação que Allan Kardec afirma que João Batista é a reencarnação de Elias. No entanto, a Bíblia não dá margem para este tipo de interpretação. Vamos aos fatos:

1) Reza o Livro dos Espíritos, questão 150:

P – Como a alma constata a sua individualidade, uma vez que não tem mais seu corpo material?

R – Ela tem ainda um fluído que lhe é próprio, tomado da atmosfera de seu planeta e que representa a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.

Na ocasião da transfiguração de Jesus, registrada em Mateus 17.3, observamos que o Senhor conversou com Elias e também com Moisés. Neste momento da história, a Bíblia registra que João Batista, supostamente a reencarnação de Elias (como afirmam os kardecistas), já se encontrava morto, já que havia sido decapitada por ordem de Herodes, conforme Mateus 14.10.

Entende-se com base na questão 150 do Livro dos Espíritos, transcrita acima, que quem deveria aparecer ali era João Batista, e não Elias. Fica evidente que Kardec não soube examinar o contexto profundamente antes de criar esta tese.

2) A doutrina espírita entende que a reencarnação é a volta da alma ou espírito à vida corpórea, entretanto, num novo corpo que nada tem a ver com o antigo. Além disso, no túmulo de Kardec, no cemitério de Pére Lachaise, em Paris, França, consta a seguinte expressão, repetida em coro por seus discípulos: “Nascer, morrer, renascer ainda é progredir sempre: esta é a lei”.

Está claro que segundo o entendimento dos kardecistas, para um espírito voltar à vida corpórea, é necessário que o mesmo desencarne, ou seja, morra. Mas sabemos que Elias não conheceu a morte, pois Deus o transladou ao céu, conforme 2 Reis 2.11.

Se Elias não morreu (não desencarnou), como pode o kardecismo defender que ele reencarnou através de João Batista?

3) As palavras de João Batista em João 1.21 não deixam dúvidas que o espiritismo kardecista é manipulador: “E perguntaram-lhe: então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.”

Se João Batista afirmou não ser Elias reencarnado; João Batista, o homem que preparou o caminho para o Messias; Como pode Allan Kardec, 18 séculos depois, ter chego à esta conclusão? Como Jesus, o mais perfeito médium não revelou esta verdade a João? Como os discípulos de Cristo, o iluminado, não foram alertados pelo guru que João Batista era Elias reencarnado? Por que Jesus não facilitou as coisas para os pobres ignorantes homens que andaram com ele?

O Kardecismo tropeça nas linhas do contexto bíblico, pois tenta de maneira vã usar as Sagradas Escrituras para apoiar doutrinas reprovadas por Deus há séculos.

4) Por fim, refutando por completo a equivocada interpretação espírita, mostramos que a Bíblia diz a respeito do ministério de João Batista e Elias, e como estes homens de Deus tiveram feitos paralelos.

Quando Jesus disse que Elias já veio (Mateus 17.12) e que ele é o Elias que havia de vir (Mateus 11.14), falava da virtude e do paralelo ministerial de João e Elias. Vejamos:

O início dos ministérios:

Elias: 1 Reis 17.1 – Então Elias, o tisbista, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo minha palavra.

João Batista: Mateus 3.1 – E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia.

Repreenderam autoridades – reis:

Elias repreendeu Acabe: 1 Reis 18.17-18 – E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: és tu o perturbador de Israel? Então disse ele: eu não tenho perturbado à Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixaste os mandamentos do Senhor, e seguistes a Baalim.

João Batista repreendeu Herodes: Mateus 14.3-4: Porque Herodes tinha prendido João, e tinha-o maniatado e encerrado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; Porque João lhe dissera: não te é lícito possuí-la.

Ambos sofreram perseguições:

Elias foi perseguido por Jezabel: 1 Reis 19.2-3 - Então Jezabel mandou um mensageiro à Elias, a dizer-lhe: assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. O que lendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo.

João Batista foi perseguido por Herodias: Mateus 14.6-8 – festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele, e agradou a Herodes. Por isso prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: dá-me aqui, num prato, a cabeça de João o Batista.

Fica evidente que tentar utilizar a vida e obra de Elias e João Batista, bem como as palavras de Jesus sobre o assunto, tentando provar que a Bíblia aprova ou ensina sobre a reencarnação é um grande absurdo.

Saul e a pitonisa de En-Dor

Apesar deste fato, registrado na Bíblia em 1 Samuel 28, não tratar especificamente sobre reencarnação, os kardecistas o tem utilizado com muita freqüência para tentar defender e legitimar, através da Bíblia, a mediunidade, ou seja, a comunicação entre vivos e mortos.

Na passagem em questão, vemos o rei Saul procurando por uma médium (pitonisa, feiticeira), a fim de obter auxílio do profeta Samuel, que na ocasião já se encontrava morto, evidentemente.

Vale lembrar que a graça de Deus havia sido retirada da vida de Saul justamente por conta de seu comportamento desobediente para com o Senhor, conforme 1 Samuel 15.10-31.

A Bíblia mostra que a vida de Saul se transformou em caos: ele ficou entregue à influências satânicas (1 Samuel 16.14); ódio, ciúme, inveja passaram a fazer parte de seu viver (1 Samuel 18.9-12; 18.17; 19.1); o Senhor já não era com ele (1 Samuel 28.6).

O cúmulo de sua queda foi, após ter expulsado os médiuns e adivinhos (1 Samuel 28.3), ter procurado justamente uma médium para invocar o espírito do profeta Samuel para que este pudesse instruir a Saul (1 Samuel 28.7), já que Saul estava tomado de medo pela iminente batalha contra os filisteus.

Deus não rejeita o pecador, desde que haja verdadeiro arrependimento (Isaías 59.1-2; Lucas 18.14; 1 João 5.14; 2 Crônicas 7.14).

O problema de Saul foi continuar desobedecendo e não voltar atrás em seus erros. A palavra do Senhor já advertia que Deus considerava (e continua considerando) abominação a prática da consulta aos mortos, ou necromancia, como está bem claro em Deuteronômio 18.10-12. As Sagradas Escrituras registram ainda os seguintes textos que condenam tais práticas ocultistas: Isaias 8.19-21; Levítico 19.31; 20.6; Êxodo 22.18; Jeremias 27.9; 29.8; Atos 16.16.

Muitos kardecistas alegam que como Deus pode ter condenado o espiritismo se este movimento só surgiu 1.800 anos depois do nascimento de Jesus Cristo? Ora, qual a diferença, perguntamos aos kardecistas, entre as práticas de consulta aos mortos vistas no Antigo Testamento e as mesmas práticas adotadas nos centros espíritas modernos? Fora a época, não há nenhuma diferença! É o famoso ditado popular: “a coleira mudou, mas o cão é o mesmo”. A idéias do kardecismo estão subjacentes nos textos citados.

Voltando à questão de Saul, podemos evidenciar quão falacioso é o kardecismo ou toda e qualquer atividade relacionada à mediunidade ou necromancia. Assim como no caso de João Batista e Elias, é necessário examinar o contexto bíblico para chegar às conclusões coerentes. Desta forma, deixemos mais uma vez a Bíblia se explicar por si mesma.

Diz em 1 Samuel 28.11: a mulher então lhe disse: a quem te farei subir? E disse ele: faze-me subir a Samuel.

Esta sessão mediúnica foi marcada por incoerências, imprecisões, falsas profecias, ocultismo, mentira e engano. Em resumo: não há dúvidas que Satanás inspirou cada passo desta reunião, dado os fatos:

1º fato: Deus já não se comunicava com Saul, como visto anteriormente. O desesperado homem demonstrou ser tolo e hipócrita ao expulsar as feiticeiras e consultar a uma logo em seguida; ele procurou esta médium disfarçado, pois não queria ser reconhecido, e além disso jurou falsamente em nome do Senhor (1 Samuel 28. 3, 8-10).

2º fato: A médium demonstrou confusão e foi imprecisa quanto à figura obscura que participou da sessão. Ela não sabia quem estava lá, já que disse ter visto a Samuel (v.12), deuses que sobem da terra (v.13) e por fim um ancião envolto numa capa (v.14). A falta de atenção na leitura pode gerar má interpretação, confusões e heresias. Note que quem “viu” a figura foi a médium, Saul apenas interpretou que fosse Samuel. No versículo 14 Saul comete três ações:

1) Pergunta como é o ser que sobe;

2) Entende que era Samuel (note bem, Saul está supondo que era Samuel);

3) Se prostra diante da obscura figura.

Saul não viu diante de quem se prostrou; a médium foi imprecisa; Saul supôs/entendeu que quem estava ali era Samuel; quanta confusão! Deus não promove confusão (1 Coríntios 14.33) Mas será que era mesmo o santo homem de Deus, o profeta Samuel que estava participando daquela sessão espírita? Vejamos nas explicações do próximo fato.

3º fato: O suposto Samuel demonstra grande insatisfação em ser invocado (v.15). É possível conceber que o profeta Samuel, que teve sua vida dedicada ao Senhor, ficar irritado com mais esta missão? É possível que Deus, após não falar com Saul das formas lícitas tenha permitido que o espírito de Samuel voltasse numa sessão mediúnica para instruí-lo? É possível que Samuel tenha voltado a pedido de uma mulher abominável e um rei rebelde? É evidente que não.

4º fato: A Bíblia nos dá parâmetros para julgar profetas e profecias (Deuteronômio 18.20-22), e as profecias do falso Samuel não passam neste exame. O interessante é que as palavras de Samuel nunca caíram por terra, ou seja, sempre se cumpriram (1 Samuel 3.19). Interessante também é que quando o falso Samuel falou sobre fatos do passado, acertou. No entanto, ao profetizar, foi um fracasso. Profecias confusas e imprecisas. Disse o falso Samuel, no versículo 19:

“Amanhã tu e teus filhos estareis comigo” – Saul não morreu no dia seguinte (amanhã), mas cerca de 5 dias depois (1 Samuel 29.10-11; 1 Samuel 30.1; 1 Samuel 30.17); Eram cerca de oito os filhos de Saul: Jônatas, Isvi, Malquisua, Merabe, Mical (1 Samuel 14.49; 1 Crônicas 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Samuel 21.8), Abinadabe (1 Crônicas 8.33), Is-Bosete (Esbaal – 2 Samuel 2.8).

A profecia falhou, pois apenas três filhos de Saul morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Melquisua (1 Samuel 31.2,6; 1 Crônicas 10.2). A profecia é tão falaciosa que Is-Bosete veio a reinar sobre Israel por um período de doze anos, cinco anos após a morte de Saul (2 Samuel 2.10; 4.7).

“E o Senhor entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus” – Saul não foi entregue aos filisteus, como disse a falsa profecia. Diz em 1 Samuel 31.4 que ele se matou: “Então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ela”. Após sua morte, seu corpo foi parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (1 Samuel 31.11-13).

As conseqüências foram terríveis na vida de Saul. Por toda sua desobediência perante o Senhor e ao findar de sua vida por ter buscado auxílio de uma médium, como diz em 1 Crônicas 10.13: “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para consultar”.

SALVAÇÃO E RESSURREIÇÃO: A VERDADE BÍBLICA ABSOLUTA

Observamos no início deste estudo que Kardec disse que o espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa. Também analisamos a crença espírita na reencarnação e concluímos que ela nada tem de cristã.

A esperança cristã repousa na ressurreição e na salvação que aquele que crê em Jesus e O tem como Senhor e Salvador receberá no grande dia.

Então, qual a opinião do kardecismo quanto à ressurreição? Diz o Livro dos Espíritos:

Pergunta 1010: – O dogma da ressurreição da carne, é a do da reencarnação, ensinada pelos espíritos?

Resposta: - Como quereis que seja de outro modo? Essas palavras, como tantas outras, não parecem insensatas aos olhos de certas pessoas senão porque as tomam ao pé da letra, por isso, conduzem à incredulidade (...).

P. – Assim a Igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina também ela mesma a doutrina da reencarnação?

R. – Isso é evidente. Essa doutrina, aliás, é a conseqüência de muitas coisas que passaram despercebidas e que não se tardará a compreender nesse sentido (...).

Além destas exposições no Livro dos Espíritos, Kardec afirma no capítulo IV, item 4 do Evangelho Segundo o Espiritismo que a ressurreição é um acontecimento impossível de ocorrer.

O que a Bíblia diz sobre a ressurreição? Para todo cristão, a Bíblia é a regra de fé e conduta, bem como o instrumento da verdade teológica cristã. Vejamos.

Em primeira instância, não podemos confundir os fatos. Temos na Bíblia exposições quanto a vida e morte, e nunca é demais repetir: a Bíblia não fala em reencarnação e não dá margem para esta espúria interpretação. Lembre-se leitor, se tentarem provar que as Sagradas Escrituras defendem a reencarnação, trata-se de manipulação e doutrina de demônios (1 Timóteo 4.1).

Temos na Bíblia os exemplos de ressuscitação e ressurreição. Segundo o Dicionário Bíblico Universal de Buckland e Williams [10]:

“A ressurreição dos mortos, como é compreendida nas Sagradas Escrituras, deve-se distinguir da ressuscitação, ou restabelecimento da ordinária vida humana. A ressuscitação é a restauração da vida que se deixou. Ressurreição é a entrada num novo estágio de existência.”

Diz a Bíblia quanto a ressuscitação:

- O filho da viúva de Sarepta (1 Reis 17.17-23);

- O filho da Sunamita (2 Reis 4.18-36);

- O homem lançado no sepulcro do profeta Eliseu (2 Reis 13.20-21);

- A filha de Jairo (Marcos 5.35-42; Lucas 8.49-56);

- O filho da viúva de Naim (Lucas 7.11-15);

- Lázaro (João 11.1-44);

- Tábita (Atos 9.36,42);

- Êutico (Atos 20.9-12).

O retorno dessas pessoas à vida é uma prova de que a reencarnação não possui respaldo bíblico. Estes casos, porém, demonstram a ressuscitação, ou seja, os mortos voltaram a vida e posteriormente enfrentaram a morte novamente.

Como a reencarnação é o fundamento da doutrina Kardecista e trata do pós-morte, é necessário responder biblicamente tal doutrina através do ensino genuinamente cristão do pós-morte: a ressurreição final.

Uma vida, uma morte

A morte e ressurreição de Jesus é o marco fundamental do cristianismo. Interessante é ver que Kardec, com seu espiritismo cristão, passou longe de comentar tal feito no Evangelho Segundo o Espiritismo, bem como os desencarnados nada falaram sobre o assunto no Livro dos Espíritos. Disse Snyder [11]:

“A ressurreição é crível porque Jesus Cristo a ensinou e porque Ele voltou dos mortos para vindicar a sua autoridade. No Novo Testamento ele nos deu mais razões para considera-Lo como uma autoridade do que qualquer outra pessoa. Para os cristãos é suficiente que Ele, e somente Ele, tenha a palavra final sobre a vida e morte, mesmo que todos os outros seres humanos sobre a terra discordem dEle.”

Diferente dos casos de ressuscitação mencionados anteriormente, o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos na Sua sublime e gloriosa ressurreição, onde Ele venceu a morte. Ele voltou glorioso para nunca mais provar a morte. Diz 1 Coríntios 15.20,23: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.” (Ver também Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10).

Dando continuidade no raciocínio que Jesus é a primícia, os salvos, lavados no sangue de Jesus e regenerados, ressuscitarão no último dia para a glória eterna. No entanto, os que não tem Jesus como Salvador, serão ressuscitados no último dia para a condenação eterna.

Por mais que existam teólogos universalistas (que defendem a salvação de toda humanidade) e membros de grupos que negam a existência do inferno, Jesus deixou este ensino muito claro em João 5.28-29: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” (Ver também Mateus 22.23-33; Marcos 12.18-27; Lucas 20.27-38).

A volta de Jesus está intimamente ligada à obra de expiação pelo Seu povo. Diz João 6.39,44,54: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o Ressuscitarei no último dia.” (Ver também João 11.25-26; 14.19).

Como os discípulos de Cristo receberam este ensino, conseqüentemente repassaram através das epístolas, ou seja, este é também o ensino apostólico:

Atos 4.2: “Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os morto.” - ensino registrado por Lucas;

Romanos 6.5,8: “Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; ora; se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” – ensino do Apóstolo Paulo.

1 Pedro 1.3-4: “... nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se por murchar, guardada nos céus para vós.” – ensino do Apóstolo Pedro.

Está muito claro, muito evidente o ensino cristão da ressurreição, muito bem apoiado pelas Sagradas Escrituras, e o que foi citado acima é mais que necessário. Mas ainda temos espaço para mais uma passagem bíblica, que gera calafrios nos “espíritas cristãos” e que por fim joga a teoria da reencarnação no pó:

“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”. Hebreus 9.27.

Uma vida. Uma morte. Ressurreição. Salvação ou condenação. Não existe outro fim.

CONCLUSÃO

Não é tarefa fácil lidar com as tamanhas distorções que o Kardecismo faz e desfaz com as doutrinas fundamentais da fé cristã. O preocupante é saber que além daqueles que estão sendo vítimas espontâneas destas crenças, existem muitos cristãos sinceros dentro de igrejas que tem a vida norteada por conceitos espíritas, e o pior, muitos tem se desviado do caminho de Jesus buscando respostas simplistas e imediatas no kardecismo. Geisler arremata o assunto, mostrando às pessoas que acreditam em reencarnação que é preciso voltar-se para graça e perdão em Cristo, ao invés de tentar obter a salvação através da caridade [12]:

“Segundo o cristianismo, o perdão é possível. Jesus perdoou seus inimigos que o crucificaram (Lc 24.34). Os cristãos devem perdoar como Cristo nos perdoou (Cl 3.13). O perdão é contrário à doutrina do carma e torna a reencarnação completamente desnecessária. A salvação é um ‘dom’ (Jo 4.10; Rm 3.24; 5.15-17; 6.23; 2Co 9.15; Ef 2.8; Hb 6.4) que é recebido pela fé. Em vez de se esforçar para merecer o favor de Deus, o crente recebe graça ou favor imerecido e é declarado justo. A justiça de Deus é satisfeita porque Jesus foi castigado pelos pecados de todo o mundo na sua morte. Nossos pecados não foram simplesmente ignorados ou jogados debaixo do tapete. Jesus pagou (Rm 3.25; Hb 2.17; 1Jo 2.2; 4.10) a exigência de Deus por justiça ao levar nossa culpa como nosso substituto. Essa penalidade paga por Cristo é contrária à doutrina do carma e atinge a base da necessidade de reencarnação”.

Dois apelos são necessários nesta conclusão. O primeiro aos cristãos: conheçam e defendam sua fé (Judas 3). Não desfaleçam a sedução da sociedade pós-modernista e anticristã; lembrem-se que as verdades bíblicas do juízo final, do pós-morte, a separação eterna entre o bem e o mal, justos e injustos, céu, inferno e ressurreição são muito bem expostas nos ensinos do Senhor Jesus e dos apóstolos. Não há outra opção.

Aos Kardecistas: eu como cristão amo e respeito os espíritas (e este é o dever de todo crente), mas reprovo e repudio os ensinos de Allan Kardec. Portanto, examinem suas crenças e os ensinos de Kardec. Vejam as tamanhas discrepâncias e incoerências e quão inconsistente é aceitar estes ensinos como algo de cunho divino. O kardecismo contradiz por completo as verdades do cristianismo, portanto, não tem nada de cristão.

Esta vida, nossa única vida, é a preciosa oportunidade que temos para nos prepararmos para a eternidade com Jesus. Está é a hora de arrependimento e a oportunidade maravilhosa de alcançar a salvação (2 Timóteo 2.25).

NOTAS

[1] KARDEC. Livro dos Espíritos, p. 438.

[2] MATHER & NICHOLS. Dicionário de Religiões, crenças e ocultismo, p. 154.

[3] Jornal Mundo Espírita On Line - 01/11/2004 – www.mundoespirita.com.br – consulta em 28/08/2007.

[4] HAMON. in Revista Defesa da Fé n.º 71, p. 50.

[5] HAMON. in Revista Defesa da Fé n.º 71, p. 49.

[6] Revista Época n.º 424 – julho 2006 – disponível também em www.epoca.com.br.

[7] JEREMIAH & CARLSON. Invasão de Deuses Estranhos, p. 71.

[8] GEISLER & AMANO. Reencarnação, o fascínio que renasce em cada geração, p. 89.

[9] SNYDER. Reencarnação ou Ressurreição?, p. 76.

[10] BUCKLAND & WILLIAMS. Dicionário Bíblico Universal, p. 378.

[11] SNYDER. Reencarnação ou Ressurreição?, p. 87.

[12] GEISLER. Enciclopédia de Apologética, p. 750.

REFERÊNCIAS

Literatura Cristã

BUCKLAND, A R & WILLIAMS, Lukyn. Dicionário Bíblico Universal. Editora Vida. São Paulo, SP: 2001.

CHANDLER, Russel. Compreendendo a Nova Era. Bompastor Editora. São Paulo, SP: 1993.

COSTA, Airton Evangelista. Ministério Palavra da Verdade. www.palavradaverdade.com.br.

GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética. Editora Vida. São Paulo, SP: 2001.

GEISLER, Norman L & AMANO, J. Yutaka. Reencarnação, o fascínio que renasce em cada geração. Mundo Cristão. São Paulo, SP: 1994.

HAMON, Lídio. Por que o Kardecismo Atrai? in Revista Defesa da Fé nº 71. ICP - Instituto Cristão de Pesquisas.

JEREMIAH, David & CARLSON, C C. Invasão de Deuses Estranhos. Editora Quadrangular. Barra Funda, SP: 1997.

MATHER, George A & NICHOLS, Larry A. Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida. São Paulo, SP: 2000.

RINALDI, Natanael & ROMEIRO, Paulo. Desmascarando as Seitas. 2ª edição. CPAD. Rio de Janeiro, RJ: 1997.

SNYDER, John. Reencarnação ou Ressurreição? Edições Vida Nova. São Paulo, SP: 1988.

Outras Literaturas

Jornal Mundo Espírita On Line - 01/11/2004 – www.mundoespirita.com.br – consulta em 28/08/2007.

KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 2ª edição. Boa Nova Editora. Catanduva, SP: 2004.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo O Espiritismo. 188ª edição. Instituto de Difusão Espírita. Araras, SP: 1995.

Revista Época n.º 424 – julho 2006 – disponível também em www.epoca.com.br. Editora Globo.

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