Como Funciona Agora a Inquisição de Roma
O Dr. Clive Gillis, excelente historiador britânico, publicou no site www.ianpaisley.org (10/06/03) o artigo abaixo, o qual foi traduzido para nos deixar a par do andamento da atual Inquisição de Roma contra os “hereges”, principalmente os protestantes. Vamos ler o que ele escreveu:
No dia 21/10/1890, Sua Alteza Real, o Príncipe Alfred, Duque de Edimburgo (1844-1900), o qual acabara de ser nomeado Comandante-em-Chefe em Devenport, descobriu o Monumento à Armada, em Plymouth Hoe.
A data era a do aniversário da Batalha de Trafalgar. Na parte sul do monumento estavam inscritas estas palavras: “Ele soprou os Seus ventos e eles foram espalhados”, as quais haviam sido reproduzidas do verso da medalha da Armada de Elizabeth I.
Contudo, o fim [da batalha contra o inimigo maior do verdadeiro Cristianismo] ainda não chegou. A luta contra Roma prossegue. Dezesseis anos antes, na mesma cidade de Plymouth, tão rica na história protestante, o Rev. William Harris Rule havia escrito no prefácio dos dois volumes de sua obra, “History of the Inquisition”: “Todas as igrejas que perderam o espírito de Cristo são dadas à perseguição, porém nenhuma igreja, exceto a de Roma, tem possuído uma instituição separada para inquirir e castigar a heresia, com o seu código especial de leis, de cortes nomeadas, de juízes e de oficiais. Isso e apenas isso é o que se pode chamar INQUISIÇÃO”.
William Rule estava escrevendo na época das revoluções, quando o poder temporal de Roma estava sendo neutralizado. Rule concluiu: “Já nem estou predizendo uma rápida extinção do mesmo [poder temporal do papa] em toda parte, como quando escrevi o meu primeiro prefácio, mas tenho a felicidade de registrar isso como um fato consumado”.
É bem verdade que os calabouços, câmaras de tortura, prisões e grandes queimas públicas podem ter desaparecido, mas o espírito perseguidor de Roma ainda emana do mesmo edifício, como acontecia no tempo de Rule.
Amplamente Fortificado
A ilustração do primeiro volume de Rule é uma vista da fachada da Inquisição. É a única vista disponível ao público, hoje em dia, com as colunas de Bernini contempladas a 20 pés de altura, maciçamente fortificadas, com grades de aço e a manobra da guarda suíça. A foto de Rule mostra um prédio idêntico, a partir da Cidade do Vaticano, contemplando as colunas de Bernini, mas sem as grades.
Longe de ter-se transformado em museu ou galeria de arte, este edifício ainda é o centro nervoso dos esforços perseguidores de Roma, só que agora pesadamente fortificado.
Apocalipse 18:2 nos diz: “E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável”.
Mesmo que o destino dos teólogos romanos em erro, sob o domínio do inquisidor-mor, Joseph Ratzinger, não seja do nosso particular interesse, contudo ele serve para nos mostrar que o espírito da Inquisição de Roma continua vivo!
Na Idade Média, os familiares ou espiões da Inquisição registravam os hereges secretamente investigados e, em seguida, estes eram detidos pela força, sem qualquer razão declarada, a fim de enfrentar os inquisidores. É de admirar que esse modelo ainda seja seguido. Qualquer escritor pode denunciar, confidencialmente, outro escritor à Inquisição. Estes, quando investigados, somente são informados no estágio final da investigação. Um certo teólogo só descobriu que estava sendo investigado, quando um colega seu veio informá-lo que ele estava sendo imediatamente requisitado a devolver as cópias dos seus livros à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, visto como a Inquisição precisava delas.
A “Ratio Agenda” (maneira de proceder) contra os hereges, publicada em Roma em junho de 1977, pode ser vista no website do Vaticano.
O Vaticano não faz segredo algum da ameaça que impõe sobre os transgressores hereges. A Inquisição “tem o dever de examinar os escritos e opiniões que parecem contrários à fé correta e que são perigosos... Esta fundamental responsabilidade diz respeito a todos os pastores da Igreja, os quais têm o dever e o direito de exercer vigilância...” ou, em outras palavras, espionarem-se uns aos outros.
Essa vigilância conduz ao exame preliminar. “Aos escritos ou ensinos indicados é dada a devida atenção pelo competente escritório, o qual o submete ao Congresso (encontro semanal dos superiores e oficiais da Congregação). [Nome atual da Inquisição]. Após ter sido feito um exame preliminar da gravidade da questão, o Congresso decide o que deve ou não deve ser tomado para o estudo a ser feito pelo escritório”.
O estudo do escritório prossegue. A obra do teólogo é, em seguida, “cuidadosamente examinada com a colaboração de um ou mais consultores, ou outros eruditos na área particular”. Se estes decidirem que uma caça às bruxas pode ser feita, o procedimento normal é então iniciado.
Àqueles considerados hereges devem ser aplicadas medidas disciplinares. Como já não podem ser queimados na estaca, Roma faz com eles o pior que pode. “Se o autor não tiver corrigido os erros indicados de modo satisfatório e feito a adequada publicidade, e se a Sessione Ordinária tiver chegado à conclusão de que ele é culpado de heresia, apostasia ou cisma, os procedimentos da Congregação podem declarar a penalidade da “latae sententinge” inclusas: e contra esse tipo de declaração não existe recurso algum.”
Isso em geral significa que a sua licença para lecionar nas universidades romanas é cancelada e uma vez que a heresia seja confirmada pela associação, ele será desprezado pelos confrades.
Como acontecia na Idade Média, o processo é estranhamente demorado e laborioso, deixando as vítimas em estado de suspenso, durante muitos anos. Uma história que certa vez vazou pelos corredores da Inquisição foi a de que um bebê fora ali encontrado. Ratzinger ficou horrorizado, mas logo um inquisidor Junior o acalmou, assegurando-lhe que qualquer coisa concebida dentro dos seus muros jamais poderia vir à luz, em apenas nove meses!
Dominus Iesus
Até o ponto em que os protestantes estão a par, a Inquisição marcou o Jubileu do Ano 2000, ao reafirmar a exclusiva posição salvadora de Roma. A declaração feita pela Inquisição foi intitulada “Dominus Iesus”. Foi ratificada pelo papa JP2 em junho e publicada pela Inquisição em agosto de 2000. A edição inglesa do jornal “L´Osservatore Romano” publicou o texto completo como suplemento especial de uma edição que também cobria a beatificação do papa Pio IX, o mesmo que criou o dogma da Infalibilidade Papal, em 1870. Numa manchete inferior apareceu o seguinte: “Pio IX deu prioridade absoluta a Deus e aos valores espirituais”. Essa inserção veio profusamente ilustrada com antigos ícones apresentando um ângulo severo de Cristo. L´Osservatore incluiu, de propósito, um ícone do Museu de Lviv, Ucrânia, o coração da batalha entre as Igrejas de Rito Latino e as de Rito Ortodoxo.
A “Dominus Iesus” concedeu à “Igreja Irmã” o mesmo status das igrejas ortodoxas orientais, mas, “por outro lado, negou que as igrejas protestantes sejam igrejas legítimas”. Ratzinger manteve uma conferência na imprensa do Vaticano em 05 de setembro, na qual ele disse: “O documento foi uma resposta necessária à teologia do pluralismo religioso, o qual está circulando não apenas nos círculos teológicos, mas também na opinião pública dos católicos em geral... Existe um corpo crescente de opinião sugerindo que outras religiões podem oferecer um importante complemento aos ensinos do Cristianismo”.
O Cardeal frisou que “muitas pessoas hoje em dia vêem a tradicional afirmação da ICR de ser o único meio universal de salvação com um certo fundamentalismo, o qual ataca o moderno espírito e ameaça a tolerância e a liberdade religiosa. Por causa dessa atitude”, ele prosseguiu, “muitas pessoa vêem o diálogo ecumênico como um fim em si mesmo. O diálogo – ou de preferência uma ideologia de diálogo – torna-se um substituto para a atividade missionária e para a urgência de um apelo à conversão” [à ICR, claro - MS].
Roma jamais vai aceitar nada menos que a capitulação de todos a si mesma, coisa que os ecumenistas irão descobrir, por si mesmos, algum dia!
Unun Sanctum
Ratzinger prosseguiu: “ Essa errônea noção de diálogo... enfatiza, não a busca por um objetivo e verdade absoluta, mas um desejo de colocar num mesmo plano todas as crenças religiosas. Ele dá origem a uma falsa idéia de tolerância, a qual permite respeitar outras crenças, o que rejeita a possibilidade de qualquer verdade objetiva”.
O Arc. Tarcísio Bertone, Secretário da Inquisição, observou que a “Dominus Iesus” não contém qualquer ensino novo, mas reafirma e ratifica a doutrina da fé católica em resposta aos problemas e teorias contemporâneos.
“Ele enfatizou que pelo fato de provir da Santa Sé, com a explícita autorização do papa, o documento dever ser visto como um ensino do Magisterium (corpo de ensino dos papas infalíveis), em vez de ser outra opinião teológica”.
Comunidade Eclesiástica
O status de “Irmã” dado às igrejas orientais logo passa a ser objetivo da nota esclarecedora de Ratzinger, em 14 de setembro 2000, com a intenção de endurecer a posição contra as “ambigüidades”.
Os ortodoxos precisam aceitar o primado do papa, a fim de poderem fazer parte da Igreja (ICR) verdadeira. O termo “Irmã” jamais deve ser usado para as igrejas protestantes [grifo nosso – MS]. Entrevistado em 22/09/2000 pelo jornal Frankfurter Algemeine a respeito disso, ele falou francamente. Quando lhe pediram para comentar o assunto de que “o status eclesiástico dos anglicanos e dos protestantes não é reconhecido” na Dominus Iesus, o Cardeal respondeu que durante o Jubileu ele ansiava trazer “o que é realmente essencial ao centro dessa ocasião”. Então lhe pediram para comentar “o fato de que o lado evangélico considera agora a comunidade eclesiástica uma ofensa. As fortes reações ao vosso documento são uma prova clara disso”. A isso Ratzinger respondeu: “Acho as declarações de nossos amigos luteranos francamente absurdas, de que devemos considerar essas estruturas (reformadas) resultantes de eventos históricos ocasionais (como) igrejas, do mesmo modo (que) cremos ser a Igreja Católica Romana fundada sobre a sucessão apostólica”. [Eu sempre disse que o Ecumenismo é a maior farsa da ICR e que foi criado com o exclusivo objetivo de desunir e enfraquecer o protestantismo histórico – MS].
Ratzinger citou também a condenação feita por Lutero de que a ICR é o Anticristo, de maneira tão sinuosa que dava para sentir que ele estava querendo dizer exatamente o contrário. Ele então prosseguiu dizendo que a Bíblia só pode ser verdadeiramente interpretada por Roma.
Em 1996 apareceu um rumor de que o papa JP2 estava querendo suspender a excomunhão de Lutero e que Ratzinger pessoalmente bloqueou essa idéia. O Cardeal é certamente registrado como confirmando, em 1998, que “os anátemas levantados contra Lutero [e os protestantes] pelo Concílio de Trento continuam em pleno vigor”. Os leitores devem estar lembrados das negociações sobre a doutrina da justificação pela fé – entre o Vaticano e a Federação Mundial Luterana – naquele tempo, as quais resultaram na “Declaração Conjunta” de 25/06/1998. E devem lembrar-se também do subseqüente bizarro documento-resposta do Vaticano, restringindo os pontos principais. Ratzinger tem sido geralmente apontado como o agente principal por trás dessa resposta, apesar do seu protesto de que não passa de uma “mentira hipócrita” dizer que ele quis estrangular a “Declaração Conjunta”, ao nascer.
Um compromisso foi acertado nesse escuso assunto, quando Ratzinger assumiu o papel principal de produzir um documento anexo, o qual estava destinado a salvar a face de cada um, conquanto assegurando que o acordo final permanecia sob os seus próprios termos, cuidadosamente expostos.
Roma é sempre a mesma
“Unum Sanctum” – 1300 d.C. ... Conseqüentemente declaramos com certeza, e pronunciamos ser necessário que se sujeite ao Pontífice Romano toda criatura...” promulgada em 18/11/1302.
“Dominus Iesus” – 2000 d.C. ... Na unidade e na universalidade salvadora de Jesus Cristo e da ICR. IV. – A Exclusividade e Unidade da Igreja.
16. “Aos fiéis católicos é exigido que professem que existe uma continuidade histórica – enraizada na sucessão apostólica – entre a Igreja fundada por Jesus Cristo e a Igreja Católica Romana. Esta é a única Igreja de Cristo... a qual continua a existir completamente apenas na ICR... Esta Igreja constituída e organizada como uma sociedade no mundo atual subsiste na ICR, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele”.
17. “Desse modo, existe uma única Igreja de Cristo, a qual subsiste na ICR governada pelo sucessor de Pedro... As igrejas ortodoxas, conquanto existindo em perfeita comunhão com a ICR, ainda permanecem fora da união... pela sucessão apostólica, uma válida Missa (Eucaristia) e são realmente desobedientes... por não aceitarem a doutrina da ICR do Primado (do papa de Roma) o qual, conforme a vontade de Deus, o Bispo de Roma possui, objetivamente, e o exerce sobre toda a Igreja.
Por outro lado, as comunidades eclesiásticas (protestantes hereges) que não buscaram o episcopado e a genuína e integral substância do mistério eucarístico (Missa) não são igrejas na verdadeira acepção do sentido...”
Conclusão
“A intenção da presente declaração em reiterar e esclarecer certas verdades... é ... confirmar a fé católica romana...”
“João Paulo II, o Sumo Pontífice, no dia 16/06/2000, concedeu ao Cardeal Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé [Inquisição], com absoluto conhecimento e pela sua autoridade apostólica, ratificou e confirmou esta declaração adotada em Sessão Plenária e ordenada para a publicação.
Roma, dos Escritórios da Congregação para a Doutrina da Fé, 06/08/2000.
+ Joseph Ratzinger, Prefeito.
+ Tarcísio Bertone, SDB, Arcebispo Emérito de Vercelli, Secretário”.
Como vemos, Roma continua mesma, jamais mudará e todo o empenho do papa JP2 em visitar e sorrir para o mundo inteiro teve como único objetivo conquistar os desavisados para Roma.
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