quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Que Diz o Novo Catecismo Romano Sobre as Tradições

Apóia este pensamento o novo Catecismo da Igreja Católica quando assim pontifica: “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só sagrado depósito da Palavra de Deus”. 13
A interpretação eclesiástica é uma espécie de comentário da Sagrada Escritura, feita de tal modo pela Igreja Católica e para os católicos romanos, que a forma desta interpretação tem caráter obrigatório.
Os portadores da Tradição “é o povo de Deus” e a “Igreja Universal só pode atualizar a função de transmitir a Tradição incorporando-a e subordinando-a ao Magistério Eclesiástico”, mas “não tem papel puramente passivo na atividade transmissora, mas a este foi confiada a decisão”. 14
O Catecismo diz” “O Magistério da Igreja (Católica) empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão (católico romano) a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com as quais têm uma conexão necessária”.
Noutra parte: "O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado exclusivamente ao Magistério da Igreja (Católica), ao Papa e aos bispos em comunhão com ele”.
Vale salientar que o papa nem sempre precisa do “colégio apostólico” (bispos do mundo inteiro) para apoiá-lo em suas decisões, pois assim corroborou o Mons. Péricles Felice, Arcebispo titular de Samosata, Secretário Geral do Sacrossanto Concílio Ecumênico vaticano II:
“O Romano Pontífice, quando se tratar de ordenar, promover e aprovar o exercício da colegialidade em vista do bem da Igreja (Católica) procede segundo a sua própria decisão. O Sumo Pontífice como pastor supremo da Igreja (Católica), pode exercer o seu poder em qualquer tempo à sua vontade, como é exigido pelo seu cargo”. 15
A Igreja Católica Romana tem sido desafiada a revelar em que consiste este “depósito sagrado”, qual é, de fato, o seu conteúdo total além daquilo que “o Papa e os bispos em comunhão com ele” têm anunciado – mas ela, porém jamais deu a conhecer estas cousas!
Por isso, somos levados à conclusão de que ela prefere guardar em segredo a substância de que faz a “sagrada tradição”, com o objetivo de retirar, do seu “depósito sagrado” as novas formas de doutrinas que as circunstâncias vão exigindo, à medida que o tempo vai passando.
É certo que a Igreja Católica Romana aceite muitas verdades concernentes a Jesus Cristo e aos apóstolos, verdades estas que todos os cristãos podem aceitar igualmente.
Mas não há, a mínima evidência de que outras tradições tenham sido legadas à Igreja, além daquelas verdades consignadas nas páginas do Velho e Novo Testamento.
A Igreja Católica Romana, para refutar esta assertiva, cita determinadas passagens bíblicas que, segundo ela, evidenciam o contrário. Uma destas passagens é o texto de João 20:30 onde se lê: “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro”. Se não foram escrito porque não eram tão importantes assim, aponto de servir como ensinamentos ou sinal.

Estes textos, certamente, nos está dizendo que houve outros sinais ou milagres realizados por Jesus Cristo, e que não estão registrados no evangelho de João. Muitos destes sinais, provavelmente, foram registrados nos evangelhos Sinóticos, que existiam bem antes de o Evangelho de João ter sido escrito.
Porém, pode ter havido “outros sinais” que não foram registrados em livro algum. No entanto, se fosse assim, é estranho que não haja uma sugestão sequer, de onde se possa inferir que tais tradições foram confiadas aos apóstolos, para serem transmitidas às gerações seguintes, como pretende a Igreja Católica Romana.
O texto seguinte diz: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”  (João 20:31). Segundo esta passagem, o que foi registrado é suficiente para estabelecer o fato de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e, também, é suficiente para criar e estabelecer a fé que leve à vida eterna. Nenhuma tradição suplementar foi ou é necessária para isto.
Outras passagens citadas pela Igreja Católica são estas:
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavras seja por epístola nossa” (II Tessalonicenses 2:15).
“Mandamo-nos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu” (II Tessalonicenses 3: 6).
“De fato eu vos louvo porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes as tradições assim como vo-las entreguei” (I Coríntios 11:2).
Temos aqui três referências às tradições, mas estas três Epístolas foram escritas Bem antes de o Cânon do Novo Testamento ser encerrado, naquele período em que os ensinos orais estavam sendo escritos para formarem o Novo Testamento.
Elas foram escritas para ratificar o ensino oral já transmitidos às igrejas locais, pelos próprios apóstolos. Além disso, estes ensinos não eram suplementos adicionados à verdade escrita, incorporada nas Escrituras do Velho Testamento já em uso, e, portanto, não foram dados às igrejas locais para complementar o “Sagrado depósito”, como ensina a Igreja Católica Romana.
Este conflito não existiria se a assim chamada “sagrada tradição” procedesse verdadeiramente da mesma fonte de onde procede a Revelação escrita, pois, segundo Tiago 1: 17 “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”.
Na segunda Carta de Paulo a Timóteo 3:15 -16 lemos: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Ora, sábios, mas, também, para nos aperfeiçoar, habilitando-nos para toda a boa obra, que necessidade temos nós de tradição oral para suplementá-la?
Jesus apenas mencionou a tradição, para condená-la e para advertir contra a mesma: “Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens... Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens... Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição... Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes” (Marcos 7:7, 8, 13).
“Porque transgredis vós, também o mandamento de Deus pela vossa tradição?... E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus... Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus 15:3, 6.9).
Assim podemos verificar que o Senhor Jesus repreendeu os fariseus que faziam exatamente o que a Igreja Católica faz, hoje, criando um compêndio de ensinamentos e preceitos humanos, tornando-os iguais ou até mesmo superiores à Palavra de Deus, pois ela mesma diz que “da revelação não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura”16.
Finalmente, afirmamos que existem inúmeras passagens das Escrituras Sagradas declarando a sua suficiente total: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5:39).
“À lei e o testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).
“A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre” (Salmos 119:160).
“Para sempre ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Salmo 119:89).
“Ora, este de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim” (Atos 17:11).
A Palavra de Deus “permanece para sempre” (I Pedro 1:23, 25). Ela “subsiste eternamente”(Isaías 40:8).  Ela “é perfeita, e refrigera a alma” (Salmos 19:7).  O próprio Senhor Jesus disse que não se pode abolir a Escritura (João 10:32). 17
João, o vidente de Patmos, no livro de Apocalipse (1:3) enuncia uma gloriosa bênção sobre aqueles que lêem e ouvem e guardam as Escrituras:
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”.
Mas também faz uma solene advertência contra aqueles que acrescentam ou retiram alguma coisa por sua livre recreação “desta profecia”: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22:18-19).
Portanto, os acréscimos que a Igreja Católica Romana fez e tem feito ao longo dos séculos, verdadeiramente anulam sim a suficiência total das Sagradas Escrituras!

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