Apóia este pensamento o novo Catecismo da Igreja Católica quando  assim pontifica: “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um  só sagrado depósito da Palavra de Deus”. 13
A  interpretação eclesiástica é uma espécie de comentário da Sagrada  Escritura, feita de tal modo pela Igreja Católica e para os católicos  romanos, que a forma desta interpretação tem caráter obrigatório.
Os  portadores da Tradição “é o povo de Deus” e a “Igreja Universal só pode  atualizar a função de transmitir a Tradição incorporando-a e  subordinando-a ao Magistério Eclesiástico”, mas “não tem papel puramente  passivo na atividade transmissora, mas a este foi confiada a decisão”. 14
O  Catecismo diz” “O Magistério da Igreja (Católica) empenha plenamente a  autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando,  utilizando uma forma que obriga o povo cristão (católico romano) a uma  adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina  ou verdades que com as quais têm uma conexão necessária”.
Noutra  parte: "O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi  confiado exclusivamente ao Magistério da Igreja (Católica), ao Papa e  aos bispos em comunhão com ele”.
Vale salientar que o papa nem  sempre precisa do “colégio apostólico” (bispos do mundo inteiro) para  apoiá-lo em suas decisões, pois assim corroborou o Mons. Péricles  Felice, Arcebispo titular de Samosata, Secretário Geral do Sacrossanto  Concílio Ecumênico vaticano II:
“O Romano Pontífice, quando se  tratar de ordenar, promover e aprovar o exercício da colegialidade em  vista do bem da Igreja (Católica) procede segundo a sua própria decisão.  O Sumo Pontífice como pastor supremo da Igreja (Católica), pode exercer  o seu poder em qualquer tempo à sua vontade, como é exigido pelo seu  cargo”. 15 
A Igreja Católica Romana tem sido desafiada  a revelar em que consiste este “depósito sagrado”, qual é, de fato, o  seu conteúdo total além daquilo que “o Papa e os bispos em comunhão com  ele” têm anunciado – mas ela, porém jamais deu a conhecer estas cousas!
Por  isso, somos levados à conclusão de que ela prefere guardar em segredo a  substância de que faz a “sagrada tradição”, com o objetivo de retirar,  do seu “depósito sagrado” as novas formas de doutrinas que as  circunstâncias vão exigindo, à medida que o tempo vai passando. 
É  certo que a Igreja Católica Romana aceite muitas verdades concernentes a  Jesus Cristo e aos apóstolos, verdades estas que todos os cristãos  podem aceitar igualmente.
Mas não há, a mínima evidência de que  outras tradições tenham sido legadas à Igreja, além daquelas verdades  consignadas nas páginas do Velho e Novo Testamento. 
A Igreja  Católica Romana, para refutar esta assertiva, cita determinadas  passagens bíblicas que, segundo ela, evidenciam o contrário. Uma destas  passagens é o texto de João 20:30 onde se lê: “Jesus, pois, operou  também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não  estão escritos neste livro”. Se não foram escrito porque não eram tão  importantes assim, aponto de servir como ensinamentos ou sinal. 
Estes  textos, certamente, nos está dizendo que houve outros sinais ou  milagres realizados por Jesus Cristo, e que não estão registrados no  evangelho de João. Muitos destes sinais, provavelmente, foram  registrados nos evangelhos Sinóticos, que existiam bem antes de o  Evangelho de João ter sido escrito.
Porém, pode ter havido “outros  sinais” que não foram registrados em livro algum. No entanto, se fosse  assim, é estranho que não haja uma sugestão sequer, de onde se possa  inferir que tais tradições foram confiadas aos apóstolos, para serem  transmitidas às gerações seguintes, como pretende a Igreja Católica  Romana.
O texto seguinte diz: “Estes, porém, foram escritos para  que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,  tenhais vida em seu nome”  (João 20:31). Segundo esta passagem, o que  foi registrado é suficiente para estabelecer o fato de que Jesus Cristo é  o Filho de Deus, e, também, é suficiente para criar e estabelecer a fé  que leve à vida eterna. Nenhuma tradição suplementar foi ou é necessária  para isto. 
Outras passagens citadas pela Igreja Católica são estas:
“Então,  irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas,  seja por palavras seja por epístola nossa” (II Tessalonicenses 2:15). 
“Mandamo-nos,  porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis  de todo o irmão que desordenadamente, e não segundo a tradição que de  nós recebeu” (II Tessalonicenses 3: 6).
“De fato eu vos louvo  porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes as tradições assim como  vo-las entreguei” (I Coríntios 11:2). 
Temos aqui três referências  às tradições, mas estas três Epístolas foram escritas Bem antes de o  Cânon do Novo Testamento ser encerrado, naquele período em que os  ensinos orais estavam sendo escritos para formarem o Novo Testamento. 
Elas  foram escritas para ratificar o ensino oral já transmitidos às igrejas  locais, pelos próprios apóstolos. Além disso, estes ensinos não eram  suplementos adicionados à verdade escrita, incorporada nas Escrituras do  Velho Testamento já em uso, e, portanto, não foram dados às igrejas  locais para complementar o “Sagrado depósito”, como ensina a Igreja  Católica Romana.
Este conflito não existiria se a assim chamada  “sagrada tradição” procedesse verdadeiramente da mesma fonte de onde  procede a Revelação escrita, pois, segundo Tiago 1: 17 “Toda a boa  dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em  quem não há mudança nem sombra de variação”. 
Na segunda Carta de  Paulo a Timóteo 3:15 -16 lemos: “Toda a Escritura é divinamente  inspirada, e é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir,  para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e  perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Ora, sábios, mas, também,  para nos aperfeiçoar, habilitando-nos para toda a boa obra, que  necessidade temos nós de tradição oral para suplementá-la? 
Jesus  apenas mencionou a tradição, para condená-la e para advertir contra a  mesma: “Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são  mandamentos de homens... Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes  a tradição dos homens... Bem invalidais o mandamento de Deus para  guardardes a vossa tradição... Invalidando assim a palavra de Deus pela  vossa tradição, que vós ordenastes” (Marcos 7:7, 8, 13).
“Porque  transgredis vós, também o mandamento de Deus pela vossa tradição?... E  assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus... Mas em  vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mateus  15:3, 6.9).
Assim podemos verificar que o Senhor Jesus repreendeu  os fariseus que faziam exatamente o que a Igreja Católica faz, hoje,  criando um compêndio de ensinamentos e preceitos humanos, tornando-os  iguais ou até mesmo superiores à Palavra de Deus, pois ela mesma diz que  “da revelação não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi  revelado somente da Sagrada Escritura”16.
Finalmente,  afirmamos que existem inúmeras passagens das Escrituras Sagradas  declarando a sua suficiente total: “Examinais as Escrituras, porque vós  cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João  5:39).
“À lei e o testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).
“A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre” (Salmos 119:160). 
“Para sempre ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Salmo 119:89).
“Ora,  este de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a  palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para  ver se as cousas eram de fato assim” (Atos 17:11).
A Palavra de  Deus “permanece para sempre” (I Pedro 1:23, 25). Ela “subsiste  eternamente”(Isaías 40:8).  Ela “é perfeita, e refrigera a alma” (Salmos  19:7).  O próprio Senhor Jesus disse que não se pode abolir a Escritura  (João 10:32). 17
João, o vidente de Patmos, no livro  de Apocalipse (1:3) enuncia uma gloriosa bênção sobre aqueles que lêem e  ouvem e guardam as Escrituras: 
“Bem-aventurado aquele que lê, e  os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela  estão escritas; porque o tempo está próximo”.
Mas também faz uma  solene advertência contra aqueles que acrescentam ou retiram alguma  coisa por sua livre recreação “desta profecia”: “Porque eu testifico a  todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém  lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que  estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do  livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da  cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse  22:18-19). 
Portanto, os acréscimos que a Igreja Católica Romana  fez e tem feito ao longo dos séculos, verdadeiramente anulam sim a  suficiência total das Sagradas Escrituras!
 
 
 
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