segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os grupos judeus na época de Cristo



Autor: Robson T. Fernandes


 Encontramos, no estudo da história bíblica, o surgimento de diversos grupos dentro do judaísmo. Com certeza esses grupos representavam a opinião e posicionamento de seus integrantes, mas também nos demonstram tipos de pessoas, e essas pessoas parecem por demais com os tipos existentes em nossa sociedade.
 Vamos estudar um pouco sobre esses grupos para entendermos o seu surgimento, as suas crenças e as suas conseqüências.

OS FARISEUS
Era o grupo mais seguro da religião judaica (At 26: 5), e que surgiu antes da guerra dos macabeus, com a finalidade de oferecer resistência ao espírito helênico trazido por Roma e para tentar preservar o judaísmo.
A perseguição de Antíoco Epifanes foi um dos fatores que contribuiu para a organização do partido.
Os fariseus criam na predestinação em harmonia com o livre arbítrio, na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, na existência do espírito, nas recompensas e castigos na vida futura, no viver conforme a lei e na graça apenas para àqueles que fazem o que a lei manda.
 Contudo, Jesus denunciou severamente este grupo por causa de sua hipocrisia e orgulho. Esse grupo surgiu por uma boa razão, mas teve os seus objetivos desvirtuados no decorrer dos tempos.
 Com isso aprendemos que não é necessário apenas adquirir o conhecimento, mas precisamos por em prática esses conhecimentos adquiridos, bem como lutar por perseverar essa prática.

OS SADUCEUS
 Era o grupo que fazia oposição aos fariseus.
 O surgimento desse grupo traz alguma controvérsia, sendo desconhecidas verdadeiramente as suas origens. Alguns acreditam que devem ter surgido com Zadoque, um sacerdote do período do rei Davi.
 Era um grupo composto por homens educados, ricos e de boa posição social.
 Em geral, tinham crenças opostas a dos fariseus. Negavam a ressurreição e juízo futuro, criam que a alma morria com o corpo, negavam a imortalidade, negavam a existência dos anjos e dos espíritos, criam que Deus não intervinha nas vidas dos homens, não tinham as mesmas crenças que os patriarcas, negavam a existência do Sheol (inferno) e só depositavam a crença naquilo que a razão pura pudesse provar.
 Com isso aprendemos que os saduceus eram extremamente opositores da interpretação literal da Bíblia, sabendo que interpretar literalmente é totalmente diferente de interpretar ao pé da letra. Interpretar literalmente é o mesmo que interpretar utilizando a hermenêutica histórico-gramatical.

OS SAMARITANOS
 Quando Sargom tomou Samaria para o cativeiro tentou desnacionalizá-los misturando-os com os babilônios. Talvez esse tenha sido um dos motivos pelos quais os outros judeus os abominavam, considerando-os a escória da sociedade. Além disso, os samaritanos eram acusados pelos judeus de serem oportunistas, procurando ficar do lado dos judeus apenas quando estes estavam em acensão.
 Costumeiramente os samaritanos iam adorar no templo, porém, ao voltar do cativeiro os judeus os proibiram de participar da reconstrução de Jerusalém, e o genro de Sambalate, que era sacerdote, foi expulso dali por Neemias.
 Por não terem ‘sangue puro’, não possuir religião judaica, por serem acusados de oportunismo, por terem o sacerdote (genro de Sambalate) expulso do convívio social e por serem proibidos de participar da reconstrução começaram a se empenhar contra a obra que Neemias estava fazendo.
 Então, Sambalate fundou o templo rival ao de Jerusalém, no monte Gerizim.
 Os samaritanos tinham crenças semelhantes a dos saduceus.
 Apesar de todas as acusações encontramos diversas passagens bíblicas neotestamentárias nos mostrando a pregação do Evangelho para os samaritanos. Com isso aprendemos que o verdadeiro cristianismo não faz acepção de pessoas, e trata a todos de igual para igual.

OS ESSÊNIOS
Enquanto os fariseus se tornaram sinônimos de hipócritas e os saduceus de mundanismo, o essenismo se torna sinônimo de ascetismo, isto é, vida separada e afastada de todos.
Os essênios surgiram na tentativa de manter a instrução bíblica viva, assim como os fariseus, mas sem a hipocrisia, e a busca por uma vida de fidelidade e compromisso, diferentemente dos saduceus. O problema é que eles achavam que para isso teriam que viver isolados do mundo, em uma vida de celibato.
 Basicamente, os essênios se dedicavam ao estudo das Escrituras, a oração e as lavagens cerimoniais, conhecidas como banhos Mikvá. Dividiam seus bens com a comunidade e eram conhecidos por seu trabalho e vida piedosa.
 Nos achados dos Mar Morto, os manuscritos de Qumran, encontram-se evidências de que os essênios se isolaram por desejarem abandonar as influências corruptas das cidades judaicas. Eles se dedicaram a preparar o “caminho do Senhor”, crendo que o Messias viria e considerando-se o verdadeiro Israel.
 Podemos aprender que para se ter uma vida de santidade e dedicação não se deve isolar. A luz deve brilhar em meio as trevas e o sal deve temperar onde não tem tempero.

OS HERODIANOS
 Era um grupo de judeus que acreditava na cooperação com Herodes, para haver o favorecimento dos judeus. Ora, Herodes considerava-se um deus vivo, tentou helenizar Israel, exerceu forte pressão política sobre a nação judaica e buscou corromper os costumes judaicos. Ainda assim, um grupo de judeus surge em defesa de Herodes para adquirir benefícios. Esse grupo se destaca mais como um partido político do que como grupo religioso.
 Entendemos que existem, em todos os períodos de tempo, aqueles que sempre estarão dispostos a sacrificar as convicções, se é que existe alguma, em troca de receber benefícios pessoais. Esses são os mercenários.

OS ZELOTES
Esse se destaca como sendo o grupo mais radical dentro do judaísmo. Foram os principais responsáveis por produzirem os levantes contra Roma, provocando a utópica Guerra judia (66-70 dC), culminando na destruição de Jerusalém e do Templo.
 Os zelotes tornaram-se sinônimos de ‘fervorosos’. Foi o grupo judaico que uniu o fervor religioso com o compromisso social.
 Precisamos entender que Deus estabeleceu dois tipos de lideranças para o homem, a liderança espiritual e a liderança secular. Assim é até os dias atuais.
 Diferentemente dos judeus zelotes, a Igreja não tem a responsabilidade de realizar mudanças sociais, assim como os zelotes também não o tinham, apesar de desejarem. A Igreja tem, sim, a grande responsabilidade causar mudanças em indivíduos. Quando há a mudança em indivíduos esse fato se reflete coletivamente, e há uma mudança da sociedade, porém, a liderança secular não pertence a Igreja, mas ao Estado. Lembremo-nos dos dois tipos de governo estabelecidos por Deus: Os reis e os profetas.
 Diante de tal fato, entendemos que no momento em que o ‘rei’ anda desordenadamente cabe ao ‘profeta’ chamar-lhe a atenção e trazer a verdade de Deus a tona, custando o que custar. Porém, a Igreja não pode tentar assumir o lugar que por direito pertence ao Estado, assim como o profeta não podia tentar ocupar a posição que por direito Divino pertencia ao rei. Como se diz popularmente: “cada macaco no seu galho”!
 Os lideres judeus estavam muito preocupados unicamente com o poder, e nada faziam para libertar a terra prometida. Diante dessa situação surgem os zelotes, que defendiam a guerra santa, lutando contra os impostos, a idolatria ao imperador e a má distribuição de terra. Os zelotes se assemelhavam aos sem terra do Brasil, o MST de Israel. Porém, tinham um forte preconceito com os pobres, considerando-os inaptos para a ‘missão’.
 Enquanto os saduceus eram ritualistas e os fariseus eram legalistas, os zelotes eram revolucionários.
 Lembremos de Pedro, apóstolo de cristo, que era um zelote, Simão zelote. Talvez por isso tenha tentado matar o soldado romano, cortando-lhe a orelha. Talvez Pedro tenha pensado que a revolução iria começar naquele momento.

 Diante de tais grupos, pensamentos e ideologias, todas anti-bíblicas surge Jesus Cristo, o messias esperado por todos, mas com o comportamento totalmente diferente do que todos desejavam. Para o fariseu Jesus afirma que sua hipocrisia estava errada. Para os saduceus Jesus ensina que o amor ao mundo é uma inimizade contra Deus. Para os samaritanos Jesus disse que ninguém podia servir a dois senhores. Para os essênios ficou a mensagem que a luz deve brilhar no local próprio, pois nenhuma luz é colocada escondida. Para os herodianos Cristo disse que quem amar a sua vida esse perde-la-á, e que só há um Deus. E para os zelotes Jesus falou que quem vive pela espada morre por ela.
 Depois de frustrar os planos desses grupos Jesus começa a ser excluído pelos tais. Os judeus poderiam ter se unido para adorar o Messias e reconhece-lo como o Salvador, mas ao invés disso, se uniram para tramar contra o Messias e assassina-lo.
 Os judeus não entenderam que Jesus não nasceu para agradar os outros, Ele nasceu para salvar!
 E você? Pertence a que grupo?
 Posteriormente surge outro grupo. Um grupo formado por judeus e gentios. Povos de todas as raças, tribos, línguas e nações. Povos que foram redimidos pelo Messias e se tornaram seus seguidores em todas as partes do globo, através dos séculos. Esse grupo perdura até os dias de hoje, e o seu fundador, Jesus Cristo, disse: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18).
 E você? Pertence ao grupo dos cristãos?
 Se desejar será muito bem vindo!


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