Antes de tudo, notemos muito bem que toda doutrina e todo ensino e toda posição teológica têm que se apoiar firmemente em pelo menos um e preferencialmente vários versos que, com clareza total e irretrucável (pelo menos irretrucável pelos sinceros), explicitamente a ordene ou afirme; de tal modo que, mesmo considerando os seus contextos, não há opiniões divergentes nem dúvidas entre os salvos verdadeiramente fiéis, os salvos que crêem literalmente no que a Bíblia DIZ (claro que dentro dos contextos e dispensações de cada verso). Notemos, por exemplo, que a doutrina da salvação pela graça e através da fé, independente das obras, é clara e explícita e irretrucável e indiscutivelmente declarada e estabelecida por muitas dezenas de versos tais como Ef 2:8-9 "8 Porque pela GRAÇA sois salvos, por meio da FÉ; e isto NÃO vem de vós, é DOM de DEUS. 9 NÃO vem das obras, para que ninguém se glorie." Que verdadeiro salvo interpretaria estes versos de modo a negar a Bíblia? Que sincero crente teria dúvidas sobre a doutrina da salvação pela graça e através da fé, independente das obras?
Em contraste, de tempos em tempos, inconsistentemente, algumas pouquíssimas pessoas (geralmente nas mais distantes franjas ou já totalmente fora da massa das igrejas locais mais históricas e conservadoras e bíblicas e fundamentalistas), confusamente, às vezes defendem doutrinas que parecem se apoiar, instavelmente, em UM (ou 2 ou 3) só verso ou passagem, mesmo assim um verso ou passagem não totalmente claro, não totalmente explícito, não de ordem clara e não de declaração clara dirigida aos crentes neotestamentários, antes parecendo se apoiar em mero simbolismo forçado e subjetivo, ou em mero relato de um fato (sem comendá-lo nem reprová-lo), tudo de modo bastante discutível, constituindo isolado verso ou passagem sobre o qual há opiniões divergentes e há dúvidas mesmo entre os salvos verdadeiramente fiéis, os salvos que crêem literalmente no que a Bíblia DIZ (dentro dos contextos e dispensações de cada verso).
Assim, antes de entrarmos propriamente na doutrina do véu feminino, notemos atentamente que tal véu feminino somente é mencionado em 1Cor 11:1-16, uma só passagem, a qual decididamente não deixa claro e explícito que toda e cada mulher crente, de toda e cada igreja neotestamentária, tem que forçosamente usar um véu de tal e tal tecido, de tal e tal comprimento, de tal e tal modelo, todos os instantes de sua vida pública (ou, pelo menos, como parte vital e básica dos seus cultos públicos a Deus). Ora, se fosse correta tal instável interpretação dos promotores do véu de tecido, então por que o Novo Testamento não diz isto de forma clara e explicita e indiscutível? Por que não dá os detalhes indispensáveis? Por que não determina quais os tecidos, cores e modelos apropriados, qual o comprimento apropriado, quão longo é o necessário? Um chapéu é apropriado? Tem de ser de 50 centímetros de diâmetro, ou pode ser somente como discreto "kippa" de 5 centímetros? Pode ser sem abas? Tem que ser um véu de pano pesado ou pode ser leve, ou mesmo transparente ou uma rede quase imperceptível? Tem que chegar aos joelhos ou pode chegar somente às orelhas? (Já vi desde redes quase imperceptíveis, desde chapeuzinhos bem pequeninos e multicoloridos e luxuoso, verdadeiros concursos de moda, até mantas grosseiras, pesadas e baratas, chegando aos quadris). Por que não há nenhum outro verso ou passagem que sequer fale de raspão nesse assunto? Por que não há absolutamente nada que clara e explícita e indiscutivelmente exija tais coisas e dê os indispensáveis detalhes que faltam? Por que??? Por que os próprios apóstolos, nas igrejas que fundaram e nas cartas que escreveram, nunca sequer de raspão falaram nesse assunto? Por que??? Por que a história (documentada pelos escritos dos assim chamados "pais das igrejas", e dos historiadores, e de outras fontes) de modo nenhum mostra que véu de tecido foi a prática de todas as mulheres crentes de todas as igrejas dos primeiríssimos séculos? Por que???
Tudo isso, sozinho, mesmo antes da sã exegese da passagem, já prova que o ensino legalista de que toda e cada mulher crente de toda e cada igreja neotestamentária têm usar um véu de tecido, é no mínimo extremamente suspeito.
Tudo isso, sozinho, mesmo antes da sã exegese da passagem, já justifica que possamos nos omitir daquela prática e ensino (mesmo que talvez não condenemos todos que neles crêem, talvez alguns creiam porque assim foram ensinados, talvez usem o véu de tecido na sinceridade de seus corações).
É melhor ficarmos com a interpretação da passagem que é mais livre de perigo, por todos os ângulos; é melhor ficarmos com a acautelada interpretação que o Espírito Santo, através de Paulo, estava simplesmente reiterando, reforçando o ensino de muitas outras partes da Bíblia: que deve o homem usar cabelo curto porque o homem é a glória de Deus e ele assim ordenou, e deve a mulher usar cabelo longo, em sinal de amorosa submissão ao marido, e porque Deus assim ordenou. Oh, que doce ensino este! Oh, que ensino claramente ensinado em tantas partes da Bíblia! Oh, como me contento com este ensino, como ele comove e derrete meu coração, como eu já tenho alegria e trabalho suficiente em esforçar-me por isto praticar e ensinar no meu dia a dia, à minha amada família, minha amada esposa e filhos e netos, cada vez mais!
Agora, entremos mais propriamente no assunto do véu feminino, de 1Cor 11:1-16.
1Cor 11, a parte que fala sobre o véu a ser usado pelas piedosas e dedicadas crentes, é uma passagem que tem confundido muitas pessoas sinceras, é uma passagem difícil de entendermos perfeitamente, difícil de todos os crentes sinceros viventes chegarem ao mesmo entendimento.
Há muitos comentaristas e exegetas sinceros, crentes na Bíblia, da mais batista e conservadora e fundamentalista linha doutrinária, que de todo coração, depois de corretamente reconhecerem que a Bíblia terminante proíbe cabelo curto em mulheres e cabelos compridos em homens, apresentam muitas evidências históricas e afirmam que o costume da grande cidade de Corinto era que as prostitutas do maior templo idólatra da metrópole, todas elas e somente elas, andassem de cabelo raspadinho ou bem curtinho, e que tal tipo de cabelo era como um anúncio luminoso característico e inconfundivelmente identificatório, anunciando a todos que o vissem: "Eu sou prostituta do Templo, sirvo meu deus-ídolo através de ter as mais pervertidas relações sexuais com quantos vão ao templo"; então, segundo aqueles comentaristas, em 1Co 11 o Espírito Santo, através de Paulo, estava dando uma ordem voltada para aquela situação específica de Corinto, ordem para que as ex-prostitutas, agora recém convertidas a Cristo, usassem véu para esconder seus cabelos raspados até que crescessem; e que as outras crentes jamais raspassem nem expusessem cabelos curtinhos, isto seria péssimo testemunho para uma cristã. Portanto, esses exegetas e comentaristas interpretam que a ordem de usar véu só foi para aquela cidade e naquele contexto, não tendo necessidade de ser seguida hoje e aqui, no nosso atual contexto Ocidental.
Não conheço Don Martin, mas seu artigo "The Truth about the Veil", em http://www.bibletruths.net/archives/BTARO59.htm, termina assim: "
"Em conclusão, uma vez que o uso de um véu de tecido não era praticado comumente [isto é, não era praticado em outras cidades e países] no período de 1 Coríntios 11, e tendo em vista a ausência de tal ensino específico nos textos [bíblicos] regulamentando a conduta (em geral e na adoração) das mulheres, a conclusão é que Paulo estava endereçando um problema específico daquelas igrejas tais como a de Corinto (quanto à aplicação dos princípios do homem ter Deus por sua cabeça, e a mulher ter o marido por sua cabeça). O véu de tecido não tem qualquer sentido para as pessoas do Ocidente, e nunca tem. Nos dias de hoje, associar o ensino especifico do véu ao caso de profetisas é um argumento anacrônico (uma aplicação cronologicamente errada a pessoas, eventos, objetos, ou costumes). Ademais, nós nem sequer temos profetas e profetisas hoje, às quais o ensino pudesse se aplicar! (1Cor 13:8-10).
"Impor o véu de tecido, hoje, envolve um errôneo entendimento dos assuntos de 1Co 11, mal entendimento quanto a orar ou profetizar, quanto à cobertura em si (não é um chapéu), quanto ao endêmico significado simbólico do véu, e quanto à lei geral de Deus para a submissão das mulheres. As mulheres, hoje, demonstram submissão através de 'um espírito manso e quieto' (1Ped 3: 4; 1Tim. 2:11)."
Bem, talvez esses comentaristas e exegetas tenham toda razão, mas eu, pessoalmente, não gosto muito de "provas somente ou principalmente ou começando por serem históricas", nem sequer gosto muito de cogitar por começar por argumentos históricos, pois cada pessoa pode tentar puxar um rastinho da História para seu lado, ou pode acusar os outros de distorcerem alguns dos fatos históricos, etc., e caímos num labirinto infindável. Prefiro usar somente a Bíblia para entender uma sua doutrina, e só depois, talvez, usar a História, os fatos e tudo o mais, apenas para ilustrar e reforçar o já estabelecido somente pela Bíblia. (mas que maravilha: sempre os verdadeiros fatos e a verdadeira História alinham-se com a Palavra de Deus, que é infalível.)
Vejamos a passagem:
1 ¶ Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. 2 E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei. 3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
4 Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.
{Comentário: definitivamente, o varão crente não pode orar de cabeça coberta, e isto se refere tanto a chapéu, véu, boné, como a cabelo comprido, etc. !!!}
5 Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.
{Comentário: definitivamente, a mulher crente não pode orar, ler a Bíblia, etc. com a cabeça descoberta!!! Só falta definirmos exatamente o que é isto, "cabeça descoberta"}
6 Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu
{Comentário: Do mesmo modo que toda mulher crente reconhecia que andar de cabelo raspadinho, tosquiado, era terrível indecência, ela tinha que usar o véu, só falta definirmos exatamente se este véu sempre tem que ser somente de pano, ou se o cabelo comprido o substitui}.
7 O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. 8 Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. 9 Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. 10 Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. 11 Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor. 12 Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus. 13 Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?
{Comentário: temos que repetir: definitivamente, a mulher crente não podia orar, ler a Bíblia, etc. com a cabeça descoberta!!! Só falta definirmos exatamente o que é isto, "cabeça descoberta". Ela tem que sempre ser coberta por véu de pano, ou pode ser coberta por longos cabelos?}
14 Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?
{Comentário: definitivamente, no Novo Testamento, o varão crente jamais deve ter seu cabelo comprido!!! Não deve haver a menor possibilidade de o seu cabelo ter uma semelhança com o de certas mulheres, mesmo que estas não sejam crentes e usem cabelo mais ou menos curto. Um bom parâmetro é o varão ter os olhos, as orelhas e a nuca totalmente descobertos, mesmo após um mergulho na água}
15 Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu. 16 Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus. (1 Coríntios 11:1-16)
Não conheço o Pastor Elias Alves Moreira, mas alguém me deu este pedaço de uma sua análise da Congregação Cristã do Brasil: "O Véu. A Congregação Cristã no Brasil ensina que a mulher não pode orar sem o pedaço de pano em cima da cabeça, denominado véu. A Bíblia ensina que o cabelo crescido da mulher lhe foi dado em lugar do véu. Se alguém toma sopa em lugar de jantar, naquela oportunidade a sopa é janta. Se a Bíblia ensina que o cabelo crescido foi dado em lugar do véu, então o cabelo crescido na mulher é o véu, 1 Co 1 1.15. Apesar da clareza da Bíblia, os fariseus modernos continuam insistindo no uso do pedacinho de pano, chamado véu."
Nenhum comentário:
Postar um comentário