Os relatos bíblicos apresentam Jesus como um homem de amor incomparável por Deus e pelo ser humano. Ele ficou irado quando Deus foi desonrado pela falta de religião (Mc 11.15-17), e quando o ser humano foi destruído pela religião (Mc 3.4, 5). Ele nos ensinou a sermos pobres de espírito, mansos, com fome de justiça, puros de coração, misericordiosos e pacificadores (Mt 5.3-9). Ele nos exortou a honramos a Deus de coração (Mt 15.8) e a nos desfazermos de toda hipocrisia (Lc 12.1). E praticou o que pregava. Sua vida foi resumida como “fazendo o bem e curando” (At 10.38).
Ele tirou tempo para as criancinhas e as abençoou (Mc 10.13-16). Ultrapassou barreiras sociais para ajudar mulheres (Jo 4), estrangeiros (Mc 7.24-30), leprosos (Lc 17.11-19), prostitutas (Lc 7.36-50), cobradores de impostos (Mt 9.9-13) e mendigos (Mc 10.46-52). Lavou os pés dos seus discípulos como um escravo e ensinou-os a servir em vez de ser servidos (Jo 13.1-17). Mesmo quando estava exausto, seu coração comoveu-se de compaixão com a multidão que o apertava (Mc 6.31-34). Mesmo quando seus próprios discípulos fraquejaram e estavam a ponto de negar e esquecê-lo, ele quis estar com eles (Lc 22.15) e orou por eles (Lc 22.32). Ele disse que sua vida era um resgate para muitos (Mc 10.45) e, quando foi executado aos trinta e três anos de idade, orou pelo perdão dos seus assassinos (Lc 23.34).
Jesus não é somente retratado como cheio de amor por Deus e pelas pessoas, mas também é apresentado como totalmente confiável e autêntico. Ele não agiu com autoridade própria, para ganhar louvor mundano. Dirigiu as pessoas para seu Pai no céu. “Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça” (Jo 7.18). Ele não tem o espírito de um egomaníaco ou um charlatão. Parece estar completamente em paz consigo mesmo e com Deus. Ele é autêntico.
Isso é evidente na maneira que viu o que havia por trás da dissimulação das pessoas (Mt 22.18). Ele era tão puro e tão atento que não podia ser apanhado em armadilhas ou encurralado em um debate (Mt 22.15-22). Tinha surpreendente ausência de sentimento em suas exigências, mesmo em relação àqueles por quem tinha uma afeição especial (Mc 10.21). Nunca atentou a mensagem da justiça para aumentar seu séquito ou granjear favores. Até seus opositores ficaram atônitos com sua indiferença em relação ao louvor humano: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens; antes segundo a verdade, ensinas o caminho de Deus” (Mc 12.14). Jamais teve de retirar uma afirmação, e não pôde ser denunciado por ter agido mal (Jo 8.46). Era manso e humilde de coração (Mt 11.29).
O que tornava tudo isso surpreendente era a autoridade discreta mas inconfundível que emanava de tudo o que dizia. Os funcionários dos fariseus falaram por todos nós ao dizer: “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Havia algo inconfundivelmente diferente nele: “Ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7.29).
Suas afirmações não eram as declarações abertas de poder mundano que os judeus esperavam do Messias. Mas, mesmo assim, eram inconfundíveis. Apesar de ninguém entendê-lo na época, não houve dúvidas de que ele dissera: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19; Mt 26.61). Eles acharam que era absurda a afirmação de que ele sozinho reconstruiria um edifício que estivera em obras há quarenta e seis anos. Mas ele estava declarando, em sua maneira tipicamente velada, que ressuscitaria – e por seu próprio poder.
Em seu último debate com os fariseus (Mt 22.41-45), Jesus os silenciou com esta pergunta: “O que vocês pensam sobre o Messias? De quem ele é descendente?”. Eles responderam: “De Davi”. A isto, Jesus citou Davi no Salmo 110.1: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Depois, com autoridade apenas levemente velada, Jesus perguntou: “Se Davi lhe chama Senhor, como é ele filho?” Em outras palavras, para quem tem olhos para ver, o filho de Davi e muito mais do que o filho estavam ali.
"Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior que Jonas. A rainha do Sul se levantará, no Juízo, com está geração e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Mt 12.41, 42). Essa forma de declaração velada perpassa tudo o que Jesus disse e fez.
Além disso, ele dava ordens aos espíritos maus e eles lhe obedeciam (Mc 1.27). Declarou perdão de pecados (Mc 2.5). Conclamou pessoas a deixar tudo e o seguir para ter vida eterna e um tesouro no céu (Mc 10.17-22; Lc 14.26-33). E fez a declaração impressionante de que “todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32, 33).
PIPER, John. Em Busca de Deus: a plenitude da alegria cristã. 2ª Ed. São Paulo: Shedd, 2008. 295 p.
PIPER, John. Em Busca de Deus: a plenitude da alegria cristã. 2ª Ed. São Paulo: Shedd, 2008. 295 p.
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